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E-toupeira. Ministério Público mandou PSP vigiar jornalistas sem o aval de um juiz

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Tiago Petinga / Lusa

Sem a devida autorização de um juiz, a procuradora do DIAP mandou a PSP vigiar dois jornalistas suspeitos de violar o segredo de justiça no âmbito do processo e-toupeira.

O Ministério Público mandou a PSP vigiar dois jornalistas no âmbito do processo e-toupeira. Em causa estão suspeitas de violação do segredo de justiça por parte de Carlos Rodrigues Lima, da revista Sábado, e Henrique Machado, ex-Correio da Manhã e atualmente na TVI.

A procuradora do DIAP quis saber, de acordo com o ECO, com quem é que os jornalistas falavam e se encontravam. O pedido da procuradora nem sequer foi validado por um juiz, embora a lei determine que só um tribunal superior pode ordenar a quebra do sigilo dos jornalistas.

Ainda assim, entre abril e junho de 2018, o departamento de vigilâncias da Polícia de Segurança Pública esteve a seguir os movimentos de Carlos Rodrigues Lima. O jornalista foi fotografado em frente ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal, onde os agentes registaram um cumprimento circunstancial entre o jornalista e o procurador José Ranito, e no Campus da Justiça, em Lisboa.

Depois das vigilâncias, apenas os dois jornalistas e um inspetor da PJ foram constituídos arguidos no caso e-toupeira.

“No decurso da investigação, todas as diligências foram devidamente ponderadas e efetuadas com respeito pela legalidade e objetividade que devem nortear a atuação do Ministério Público. Quando suscitaram maior melindre, as diligências realizadas foram previamente comunicadas e, inclusivamente, acompanhadas pela hierarquia”, lê-se numa nota divulgada na página do DIAP de Lisboa.

O caso e-toupeira remonta a 2018 e Luís Filipe Vieira é acusado pelo Ministério Público de ter tido conhecimento e autorizado a entrega de benefícios a dois funcionários judiciais, por parte de Paulo Gonçalves, a troco de informações sobre processos em segredo de justiça, envolvendo o Benfica, mas também clubes rivais, explica o ECO.

Daniel Costa, ZAP //

7 Comments

  1. A história repete-se… Na década de 1930 foi na Alemanha, Já no início deste século, na Venezuela. De forma insidiosa e encapotada, vai-se tomando conta do poder….

  2. Estamos a assistir a uma Venezuelização do pais. Os amigos do poder podem fazer tudo o que querem impunemente. Responsabilidade politica então nem pensar, basta ver os recentes casos do assassinato de um estrangeiro pelo SEF em que o ministro se escapa olimpicamente e o vergonhoso caso da nomeação do procurador europeu, um dos maiores escandalos em que a ministra anda gozando com a cara de todos. basta juntar Tancos, incêndios, as famiilas do presidente do PS trazidas para o Estado e não estamos muito longe da Venezuela.

  3. Por este caminhar penso que cairia como a cereja sobre o bolo instalar na “catedral” a sede do governo e da justiça, já tantos são os casos e tanta a impunidade que dá para ver como estas instituições se movem à volta daquilo que nunca deveria ter ido para além de um clube de desporto. O senhor Costa parece que vai ter que se explicar perante a UE sobre a nomeação do tal escolhido juiz, mas por cá ninguém vai ter que dar explicações ao país nestes casos por enquanto internos; a “democracia” está a passar por uma situação muito vergonhosa, impensável certamente para muitos de nós.

  4. Isto tudo é uma vergonha. Mudaram a PGR, o presidente do tribunal de contas, aligeiraram as regras do CCP, nomearam um procurador europeu do interesse do governo, vigiam jornalistas, criam esquemas com polícias para recuperar material desaparecido, fazem sorteios de juízes até sair o que se pretende…!!! Em muitas coisas já somos a Venezuela.

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