Movimento de “diabo” com dois quilómetros de altura detetado em Marte

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DIABO DE POEIRA MARTE

O rover Perseverance da NASA capturou este diabo de poeira marciano a mover-se de este para oeste a uma velocidade de cerca de 19 km/h ao longo da “Thorofare Ridge” em 30 de agosto.

Em pleno verão marciano, o Perseverance da NASA avistou um diabo de poeira a circular a 19 km/h. A sua sombra aponta para que tenha dois surpreendentes quilómetros de altura.

Até agora não foi detetada vida em Marte, mas a 30 de agosto imagens da Navcam do ‘Percy’ — rover planetário lançado em 2020 pela NASA, mais conhecido como Perseverance — viu algo a mexer-se, ao longe, na superfície do Planeta Vermelho.

Era gigante e movia-se a uma velocidade considerável. Verificou-se mais tarde, segundo o IFL Science, que o rover estava perante a presença de um monstruoso redemoinho, também conhecido como diabo de poeira — um nome adequado ao fenómeno.

O diabo em questão estaria a quatro quilómetros de distância do rover a mover-se a uma velocidade de 19 km/h, com um diâmetro de 60 metros e uma altura possível de… dois quilómetros de altura, de acordo com Mark Lemmon do Instituto de Ciências Espaciais.

“Não vemos o topo do diabo de poeira, mas a sua sombra dá-nos uma boa indicação da sua altura. A maioria são colunas verticais. Se este diabo de poeira estiver assim configurado, a sua sombra indica que tem cerca de dois quilómetros de altura”, afirma.

Esta altura imponente ultrapassa — e muito — as dimensões normalmente observadas na Terra e é um fenómeno visto principalmente durante as estações de primavera ou verão em Marte. Atualmente, o facto de ser verão no local onde o Perseverance está a operar dá origem às condições propícias para tais ocorrências.

Os diabos de poeira em Marte são causados por um processo semelhante ao que ocorre na Terra. A luz solar aquece o solo, resultando na subida do ar quente na descida do ar frio. Sob certas condições, este movimento de ar cria um vórtice que eleva partículas mais leves como poeira e areia, revelando o assustador diabo de poeira. No entanto, são relativamente benignos graças à fina atmosfera do planeta.

Se o ouvisse, ficaria surdo

Estes redemoinhos não são incomuns na superfície marciana, apesar da atmosfera fina do planeta e da sua maior distância em relação ao Sol. O Perseverance já tinha inclusive capturado a imagem de três diabos a varrerem simultaneamente uma planície próxima.

O Perseverance tinha o microfone ligado quando se ouviu o som de um remoinho de poeira, naquela que foi a primeira vez que tal ficou registado, revela um estudo publicado na revista Nature Communications, em 2022.

Nesse caso, o remoinho movimentou-se a cerca de 40 quilómetros por hora, explodindo areia e partículas à medida que avançava. O fenómeno foi captado na cratera Jezero.

Estima-se que, se um terrestre estivesse em Marte naquele momento, nunca conseguiria ouvir o remoinho pelos próprios ouvidos: porque, expondo os ouvidos à pressão do planeta, a baixa pressão externa deveria estourar imediatamente os tímpanos e a pessoa ficaria surda (além de não ter ar para respirar).

O fenómeno também não se limita à localização atual do rover na cratera Jezero; o Rover Curiosity da NASA também os avistou e a sua ocorrência pode até estender-se à Titã, uma das luas de Saturno.

Apesar destas surpreendentes descobertas, devido à cobertura limitada das câmaras do Perseverance e à sua velocidade lenta continua a ser difícil acompanhar estes fenómenos naturais, que desempenham desempenham um papel essencial na compreensão da dinâmica atmosférica marciana.

Tomás Guimarães, ZAP //

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