Uma equipa de investigadores da Universidade de Indiana descobriu que o movimento da cromatina, o material de que é feito o ADN, pode ajudar a facilitar a reparação eficaz dos danos do ADN no núcleo humano.
A descoberta que pode melhorar o diagnóstico e tratamento do cancro foi publicada na Proceedings of the National Academy of Sciences em julho.
Os danos no DNA acontecem naturalmente no corpo humano e a maior parte dos danos podem ser reparados pela própria célula. No entanto, a reparação mal sucedida pode provocar cancro.
“O ADN no núcleo está sempre em movimento, não estático. O movimento do seu complexo de alta ordem, a cromatina, tem um papel direto na reparação do ADN”, explicou Jing Liu, professor de física na Escola Superior de Ciências da IUPUI.
“Investigações anteriores mostram que os danos no ADN promovem o movimento da cromatina, e a sua elevada mobilidade também facilita a reparação do ADN. Contudo, em células humanas, esta relação é mais complicada”, acrescentou Liu.
Liu e outros investigadores descobriram que a cromatina no local dos danos no ADN se move muito mais rapidamente do que aqueles que se afastam dos danos.
Descobriram também que a cromatina nos núcleos celulares não se está a mover aleatoriamente. É um movimento coerente, com o ADN a mover-se como um grupo, ao longo de uma curta distância.
Os investigadores também encontraram provas de que os danos no ADN podem afetar o movimento do grupo do ADN, reduzindo a coerência.
Estas descobertas indicam que o movimento da cromatina está sob “controlo apertado” quando o ADN é danificado. Estas descobertas são importantes para prevenir o ADN danificado de ter um contacto nocivo e para melhorar a precisão e eficácia da reparação do ADN, sublinha Liu.
“As nossas descobertas revelam um papel fundamental do movimento da cromatina na resposta aos danos do ADN e na reparação do ADN”, realçou Liu.
“Estas descobertas podem ajudar a compreender o mecanismo da reparação do ADN em células humanas e a iniciação do cancro nos seres humanos”, acrescentou.
“Podemos utilizar estas descobertas como métrica para resposta aos medicamentos em vários fármacos diferentes, utilizados para tratar o cancro. Podemos testar diferentes medicamentos para compreender se o movimento da cromatina pode ser modificado para melhorar a reparação do ADN”, indica Liu.
Os investigadores tiveram de desenvolver as ferramentas computacionais necessárias para a análise de quantidades massivas de dados.
No futuro, os investigadores esperam estudar moléculas de ADN únicas, como se movem, e como as dinâmicas individuais e de grupo diferem e mudam em resposta a danos no ADN. Também gostariam de aprender mais sobre o movimento do ADN em genes específicos, conhecidos por serem mais vulneráveis a danos no ADN.