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Ex-director da Mossad é português com lei dos sefarditas (e tem negócios com cannabis)

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Haim Zach / Government Press Office (Israel)

Tamir Pardo, Mossad

Tamir Pardo, ex-director da Mossad, agência de serviços secretos de Israel.

Tamir Pardo, que foi director dos serviços secretos de Israel, a Mossad, obteve a nacionalidade portuguesa em 2018, ao abrigo da lei dos sefarditas. O processo foi tratado por advogados ligados à Comunidade Israelita do Porto.

A Comunidade Israelita do Porto (CIP) teve um papel fundamental na naturalização de Tamir Pardo, conforme destaca o Público que investigou o processo.

Este jornal nota que o homem que liderou a Mossad entre 2011 e 2016 foi naturalizado português pelo Ministério da Justiça em 2018, “depois de ter sido certificado pela CIP”.

A naturalização ocorreu no âmbito do artigo da Lei da Nacionalidade que se refere aos descendentes de judeus sefarditas, uma comunidade expulsa de Portugal no final do século XV.

O processo foi tratado pela sociedade de advogados Mónica João Teixeira (MJT) por indicação da CIP, apurou ainda o Público.

Neste escritório, colabora como advogada Isabel de Almeida Garrett que é familiar de Francisco de Almeida Garrett, uma importante figura da CIP e sobrinho da ex-ministra socialista Maria de Belém Roseira, segundo refere o mesmo diário.

Foi precisamente Maria de Belém quem propôs o artigo da Lei da Nacionalidade que permite naturalizar os descendentes de judeus sefarditas e que foi aprovado em 2013, no Parlamento, por unanimidade.

Página da Wikipédia alterada por um desconhecido

“Fundamental para a naturalização de Tamir Pardo foi a certificação das suas ascendências sefarditas pela CIP”, algo que aconteceu a 17 de Fevereiro de 2017, vinca ainda o Público.

“Um pouco antes, a 7 de Janeiro de 2017, a página da Wikipédia em inglês dedicada a Tamir Pardo foi alterada, com a introdução das referências às suas origens sefarditas espanholas, por um utilizador desconhecido“, nota a mesma fonte.

Foi mais ou menos isto que aconteceu também no caso de Roman Abramovich que também foi naturalizado português a 30 de Abril de 2021, num processo que está a ser alvo de investigação.

No caso de Abramovich, quem introduziu na Wikipédia os dados referentes aos seus laços sefarditas foi “o arqueólogo e museólogo português Hugo Miguel Vaz, membro da CIP e curador do Museu do Holocausto do Porto”, aponta o Público.

Pardo tem investimentos na cannabis em Portugal

Tamir Pardo foi capitão na unidade de elite de operações especiais israelitas e participou em várias missões secretas. Juntou-se à Mossad em 1980, chegando ao cargo mais alto, onde ficou durante 36 anos.

Deixou a liderança da Mossad em Junho de 2016, “em rota de colisão com Benjamin Netanyahu“, então primeiro-ministro de Israel, como refere o Público.

Nessa altura, deixou várias críticas públicas ao ex-primeiro-ministro, defendendo “uma solução diplomática para o conflito israelo-palestiniano” e acusando-o de o colocado sob escuta quando ainda liderava a Mossad.

Pardo ainda falou desta agência como “uma organização criminal com licença”, sublinhando que era “a parte mais divertida [de trabalhar lá]”, conforme transcreve o Público.

No seu percurso como empresário fora da Mossad, Pardo tem passagens por um grupo de telecomunicações israelita, mas também esteve ligado a empresas nas áreas aeroespacial, da energia, da cibersegurança, das comunicações e da análise de dados.

Atualmente, integra o conselho consultivo de “uma controversa startup israelita dedicada a software de reconhecimento facial” que é usado em “tecnologias de Inteligência Artificial” e “fabrica sistemas de videovigilância, utilizados, por exemplo, nos supermercados Mercadona em Espanha”, refere o Público.

Além disso, Pardo preside, desde 2016, à Cann10 Holdings Limited que tem sede no Chipre e actua no negócio da cannabis para fins medicinais.

Esta empresa tem uma sociedade em Portugal, a Cann10 – Portugal, que está instalada em Vila de Rei e que já recebeu um primeiro parecer favorável do Infarmed em Março de 2020, segundo apurou o referido jornal.

Para já, este é o único negócio conhecido de Pardo em Portugal.

ZAP //

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