Morte de Sara Carreira: Tony Carreira deixa pergunta à GNR e critica arguidos

1

Facebook (dr)

Sara Carreira

Sara Carreira

O julgamento do caso da morte de Sara Carreira continua nesta quarta-feira, no Tribunal de Santarém, depois de já terem sido ouvidos os principais arguidos no dia anterior.

Ivo Lucas, namorado da cantora na altura da sua morte, está acusado de homicídio por negligência e pediu para responder às perguntas por videoconferência, mas tal não lhe foi permitido.

Em tribunal, o actor e cantor chorou quando contou a última conversa que teve com Sara Carreira segundos antes do acidente que a matou na A1.

“Dirijo-me à Sara porque eu estava a fazer uma personagem e disse-lhe – era a nossa forma de falar – que a amo muito e que tenho muita sorte de a ter na minha vida. E ela diz-me ‘e eu a ti‘”, relatou Ivo Lucas entre lágrimas.

Logo depois disso, Sara Carreira gritou “cuidado” e foi quando se deu o embate, de acordo com a versão do actor.

A seguir, Ivo Lucas só se lembra de estar “no meio da autoestrada com o braço partido, sem t-shirt, sem saber onde estava e sem saber da Sara”, como relatou em tribunal.

Foi “tudo muito rápido”, apontou, frisando que as memórias que tem “são flashes”. “Senti muita pressão na cabeça, não sei explicar, é uma sensação de montanha russa”, realçou.

Ivo Lucas foi confrontado pelo advogado da fadista Cristina Branco, outra dos arguidos do caso, sobre se “não vinha distraído”, uma vez que estava a ter “uma conversa amorosa e bonita” com Sara Carreira.

“Com o devido respeito, eu e a Sara sempre fomos muito apaixonados, e eu perco a conta das viagens que fizemos juntos comigo ao volante”, notou, considerando que a conversa daquele dia “não é relevante” para o que aconteceu. “Nós vínhamos a ter uma conversa normal”, considerou.

O actor também assegurou que estavam “tranquilos” na viagem e não conseguiu dizer a que velocidade ia, nem se seguia na faixa da direita.

Tony Carreira “desiludido” com “amnésias” em tribunal

O cantor Tony Carreira, pai de Sara Carreira, marcou presença nas sessões do julgamento, na terça-feira e nesta quarta-feira, e manifestou-se “desiludido”.

Tony Carreira também pediu aos jornalistas para perguntarem à GNR “porque é que o teste de álcool foi feito 5/horas depois do acidente“.

O cantor realçou que não procura “vingança de nada”, mas disse que, “no mínimo”, esperava que os arguidos assumissem “o que aconteceu, com todos os erros que poderiam ter acontecido” com qualquer pessoa, inclusive com ele.

“O que aconteceu com eles poderia acontecer comigo, com qualquer um”, sublinhou.

Apesar disso, realçou que não há “entre a maioria dos arguidos uma percentagem mínima de humanidade“, criticando que optaram, “de uma forma global”, pela “táctica de advogados que é a amnésia“.

A fadista Cristina Branco falou num “lapso temporal” desde o momento em que entrou no pórtico da portagem até à hora do embate. “A amnésia está na moda nos tribunais“, atirou Tony Carreira.

O cantor também apontou o dedo ao arguido Paulo Neves, o condutor que seguia alcoolizado e a uma velocidade inferior à permitida por lei numa autoestrada. “Quando uma pessoa vai alcoolicamente alterada e, de repente, chega aqui e diz que não, que não ia a 28km/hora, isto são mentiras“, salientou.

“A amnésia é uma coisa que dá jeito”, reforçou o artista, constatando que o acidente “não foi só o Ivo”.

No julgamento são arguidos Paulo Neves, que conduzia alcoolizado e abaixo do limite de velocidade, Cristina Branco que embateu na viatura deste, o cantor Ivo Lucas, que viajava com Sara Carreira e chocou com o carro da fadista, e Tiago Pacheco, que embateu no carro conduzido por Ivo Lucas.

Os três homens são acusados do crime de homicídio por negligência grosseira e Cristina Branco do crime de homicídio por negligência.

Sara Carreira faleceu no dia 5 de Dezembro de 2020 após um grave acidente de viação na A1.

Oito viaturas passaram pelo acidente sem danos

A GNR revelou, em tribunal, na sessão do julgamento de terça-feira, que pelo menos oito veículos passaram pelo acidente que vitimou Sara Carreira, na A1, entre a primeira colisão e o embate do carro onde seguia a cantora, sem causar ou sofrer quaisquer danos.

Mas até podem ter sido “mais” os carros nessas circunstâncias “porque faltam cerca de três minutos do vídeo de vigilância“, constatou o militar da GNR que fez o relatório final da investigação ao acidente.

O militar mostrou no tribunal imagens do acidente, pedidas ao Centro de Controlo Operacional da Brisa e usadas na investigação. A GNR concluiu que Paulo Neves circulava a uma velocidade entre os 28,04 e 32,28 quilómetros/hora, inferior à mínima permitida por lei (50 Km/h), e depois de ter ingerido bebidas alcoólicas.

O depoimento do militar contrariou as declarações prestadas por este arguido, durante a manhã, quando disse que circulava a uma velocidade entre os 70 e os 80 quilómetros.

O relatório confirmou também que Cristina Branco circulava a menos de 120 Km/h, Ivo Lucas seguia entre 131,18 e 139,01 Km/h, e o outro arguido, Tiago Pacheco, o condutor do veículo que embateu contra aquele onde seguia Sara Carreira, viajava a uma velocidade de entre 146,35 e 155,08 Km/h.

A investigação da GNR também concluiu que pode ter havido “distração” por parte dos três primeiros envolvidos – Cristina Branco, Paulo Neves e Ivo Lucas – e “irresponsabilidade” por parte do último arguido, que “não reduziu a velocidade” ao atravessar entre os carros acidentados, acabando por embater na viatura de Sara Carreira.

ZAP // Lusa

 

1 Comment

  1. Portugalex o país do tintol e dos alcoolizados a torto e direito.
    Se conduzir não beba, é o que se diz. O condutor também estaria com amnésia antes ou depois de beber alcool?

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.