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Morreu Peter Higgs, o pai da “Partícula de Deus”

Hans G / Wikipedia

Peter Higgs, o pai da “Partícula de Deus

O Nobel da Física Peter Higgs, que propôs a existência do Bosão de Higgs, a partícula fundamental da física que leva o seu nome, morreu esta segunda-feira, aos 94 anos, informou hoje a Universidade de Edimburgo.

Em 1964, Peter Higgs previu a existência de uma nova partícula — o chamado Bosão de Higgs — mas levaria quase 50 anos até que a existência da partícula pudesse ser confirmada no Grande Colisor de Hadrões, que funciona no laboratório europeu de física de partículas, CERN.

A teoria de Higgs relacionava-se com a forma como as partículas subatómicas obtêm a sua massa, e é uma parte central do chamado Modelo Padrão, que descreve a física de como o universo é feito.

O Bosão de Higgs, que entretanto ganhou o apelido de “Partícula de Deus“, era a peça-chave que faltava encaixar no model.

Higgs  era uma pessoa notável“, notou o vice-chanceler da Universidade de Edimburgo, Peter Mathieson. “Um cientista verdadeiramente talentoso cuja visão e imaginação enriqueceram nosso conhecimento do mundo que nos rodeia”.

“O seu trabalho pioneiro motivou milhares de cientistas e o seu legado continuará a inspirar muitos mais nas gerações vindouras”, acrescentou Mathieson.

Após uma série de experiências, que ganharam ímpeto a partir de 2008, a sua teoria foi comprovada por físicos que trabalhavam no Grande Colisor de Hadrões do CERN, na Suíça, em 2012.

O prémio Nobel foi partilhado com François Englert, um físico teórico belga cujo trabalho em 1964 também contribuiu diretamente para a descoberta, recorda o The Guardian.

Membro da Royal Society , Higgs passou a maior parte da sua vida profissional na Universidade de Edimburgo, que criou o Centro Higgs de Física Teórica em sua honra em 2012.

“Para além das suas extraordinárias contribuições para a física das partículas, Peter era uma pessoa muito especial, um homem de rara modéstia, um grande professor e alguém que explicava a física de uma forma muito simples e profunda”, realçou Fabiola Gianotti, diretora-geral do CERN e antiga líder científica da Colaboração Atlas, que ajudou a descobrir a partícula de Higgs.

“Uma parte importante da história e das realizações do CERN está ligada a Higgs. Estou muito triste e sentirei muito a sua falta”, acrescentou Gianotti.

“Higgs era um herói para a comunidade da física de partículas”, disse por seu turno Jon Butterworth, também membro da colaboração Atlas.

“A partícula que leva o seu nome é talvez o exemplo mais impressionante de como ideias matemáticas aparentemente abstractas podem fazer previsões que acabam por ter enormes consequências físicas”, acrescentou.

A Academia Real das Ciências da Suécia, que atribui o Nobel, afirmou na altura que o modelo padrão da física que sustenta a compreensão científica do universo “assenta na existência de um tipo especial de partícula: a partícula de Higgs. Esta partícula tem origem num campo invisível que preenche todo o espaço.

Mesmo quando o universo parece vazio, este campo está lá. Sem ele, nós não existiríamos, porque é do contacto com o campo que as partículas adquirem massa. A teoria proposta por Englert e Higgs descreve este processo”, salientou a Academia.

Homem imensamente tímido que não gostava de alarido, Higgs tinha saído de casa para um almoço tranquilo de sopa e truta em Leith, no dia do anúncio de que tinha ganhado o Prémio Nobel, quando foi parado por um antigo vizinho que lhe deu a notícia a caminho de casa.

ZAP // Lusa

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