Morreu Nuno Júdice, o poeta da transição

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O poeta Nuno Júdice

Portugal perdeu um dos seus “mais reconhecidos” poetas contemporâneos. Nuno Júdice morreu este domingo, em Lisboa, vítima de doença. Tinha 74 anos.

O poeta Nuno Júdice morreu este domingo, em Lisboa, aos 74 anos.

“Foi com profundo pesar e sentida consternação que na Leya e principalmente na Dom Quixote tomamos conhecimento da triste notícia do falecimento de Nuno Júdice, hoje [domingo], em Lisboa, vítima de doença“, confirmou a editora Dom Quixote, em comunicado enviado à agência Lusa.

“Uma notícia que abalou todos os que trabalharam mais de perto com Nuno Júdice mas, com toda a certeza, todos os seus muitos leitores e admiradores. E que sem dúvida deixa mais pobre a literatura e a poesia portuguesas“, pode ler-se.

Através de uma mensagem deixada na rede social X/Twitter, o primeiro-ministro António Costa lamentou a morte do poeta Nuno Júdice, que classificou como um dos mais reconhecidos poetas da cultura portuguesa.

“A cultura portuguesa perdeu, com o falecimento de Nuno Júdice, um dos seus mais reconhecidos poetas e conciso romancista. Como me prenunciara a sua mulher, ‘iniciou a sua descida devagarinho em silêncio, como é seu hábito’”, pode ler-se num par de mensagens publicadas na rede social X.

“Recordá-lo-ei sempre na sua infinita delicadeza, grato pela sua amizade e camaradagem. À Manuela Júdice, às suas filhas e filho, apresento os meus sentimentos”, acrescentou António Costa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apresentou as suas condolências, numa nota publicada no site da presidência, onde enalteceu o papel “decisivo” de Nuno Júdice na poesia contemporânea.

“Nuno Júdice foi um autor decisivo na época de transição da poesia portuguesa, entre as tendências experimentais da década de 1960 e o tom mais quotidiano dos anos 80 e seguintes.

Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu o legado poético e literário, destacando ainda a singularidade que caracterizava Nuno Júdice que, “mesmo no contexto da geração de 70, a que pertencia, não se parecia com nenhum outro (…) A sua obra poética e o trabalho de décadas em diferentes instituições foram um contributo maior para a singularidade, o cosmopolitismo e a projeção da literatura portuguesa”.

Vida e Obra de Nuno Júdice

Nuno Júdice nasceu na Mexilhoeira Grande, em Portimão, no distrito de Faro, em 1949.

Foi professor associado da Universidade Nova de Lisboa, instituição onde se doutorou em 1989 com a tese “O espaço do conto no texto medieval”.

Poeta, ensaísta e ficcionista, Nuno Júdice foi, até 2015, professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Júdice desempenhou o cargo de diretor da revista literária Tabacaria (1996-2009) e foi comissário para a área da Literatura da representação portuguesa na 49.ª Feira do Livro de Frankfurt.

Desempenhou funções como conselheiro cultural da Embaixada de Portugal em Paris (1997-2004) e diretor do Instituto Camões na capital francesa.

Organizou a Semana Europeia da Poesia, no âmbito da Lisboa’94 – Capital Europeia da Cultura, e dirigiu a Revista Colóquio-Letras, da Fundação Calouste Gulbenkian.

Literariamente, estreou-se em 1972 com o livro de poesia “A Noção de Poema”.

Ao longo da carreira literária, Nuno Júdice foi distinguido com diversos prémios, entre os quais o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-americana, em 2013, o Prémio Pen Clube, o Prémio D. Dinis da Casa de Mateus.

Recebeu o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, por “Meditação sobre Ruínas”, finalista do Prémio Europeu de Literatura.

ZAP // Lusa

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