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Morreu a jovem baleada durante os protestos em Myanmar

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Nyein Chan Naing / EPA

A jovem que tinha sido atingida por uma bala na cabeça durante os protestos em Myanmar, na semana passada, morreu esta sexta-feira, confirmou o seu irmão.

De acordo com a agência Reuters, trata-se da primeira morte entre os manifestantes que têm protestado, em várias cidades do Myanmar, contra o golpe de Estado levado a cabo pelos militares, no passado dia 1 de fevereiro, que depôs a chefe do Governo, Aung San Suu Kyi.

Mya Thwate Thwate Khaing, que tinha acabado de fazer 20 anos, estava hospitalizada desde a semana passada, depois de ter sido atingida por uma bala na cabeça enquanto a polícia tentava dispersar um protesto na capital, Naypyitaw.

Segundo o jornal The Guardian, fonte oficial do hospital disse que o corpo da jovem será examinado porque “este é um caso de injustiça”. “Vamos manter um registo [da causa da morte] e enviar uma cópia às autoridades responsáveis. Vamos procurar justiça.”

Esta sexta-feira assinala-se a segunda semana de protestos diários no país. A polícia tem usado balas de borracha, canhões de água e gás lacrimogéneo para dispersar as multidões. Cerca de 500 pessoas foram detidas e as forças de segurança dizem que um agente também morreu devido aos ferimentos sofridos numa das manifestações.

Além dos protestos, a agência noticiosa adianta que está também a decorrer uma campanha de desobediência civil que está a paralisar importantes setores públicos.

O Reino Unido e o Canadá anunciaram, esta quinta-feira, novas sanções contra o país. A junta militar não reagiu e, antes, um porta-voz tinha afirmado que estas sanções já eram esperadas. Recorde-se que o líder da junta militar, Min Aung Hlaing, que agora controla Myanmar, já estava sob sanções depois da perseguição à minoria étnica dos rohingyas.

Na terça-feira, Suu Kyi teve a sua primeira audiência em tribunal, por videoconferência, dia em que lhe foi apresentada mais uma acusação, desta vez por ter violado uma lei de gestão de desastres naturais, para prolongar o regime de prisão domiciliária em que se encontra desde que foi detida. A chefe do Governo birmanês já enfrenta processos sobre posse de aparelhos de transmissão considerados ilegais, enfrentando uma pena de três anos de prisão. O seu advogado disse que a próxima audiência será a 1 de março.

Entretanto, o Exército emitiu mandados de captura para seis celebridades, incluindo atores e realizadores, acusados de incitar os protestos. Entre eles estão o ator e realizador Lu Min, os atores Zin Wine e Pyay Ti Oo, o realizador Na Gyi e o cantor Anegga.

Segundo a agência EFE, que cita fontes do Ministério dos Negócios Estrangeiros do país, foram ainda detidos 11 funcionários públicos, sob a acusação de se terem associado ao movimento de desobediência civil.

Os militares contestam os resultados das eleições legislativas de novembro passado, que o partido de Suu Kyi (Liga Nacional para a Democracia) venceu por larga maioria, apesar de observadores internacionais não terem constatado quaisquer irregularidades. A junta militar disse que irá manter-se no poder durante um ano, antes da realização de um novo ato eleitoral.

Filipa Mesquita, ZAP // Lusa

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