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Morreu Joana Marques Vidal, a Procuradora-Geral da República que “quis fazer o que era devido”

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António Cotrim / Lusa

A ex-procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal

Jurista estava há várias semanas em coma e acabou por morrer esta terça-feira, no Porto, com 68 anos. É vítima de cancro.

A ex-procuradora-geral da República Joana Marques Vidal morreu esta terça-feira, aos 68 anos, no Hospital de São João, no Porto, depois de ter estado várias semanas internada em coma após ser operada por causa de uma doença cancerígena.

A informação avançada pelo Observador foi confirmada às redações por fonte próxima da família.

Joana Marques Vidal foi a primeira mulher a liderar a Procuradoria-Geral da República, entre 2012 e 2018, sendo sucedida no cargo por Lucília Gago, que ainda se encontra à frente do cargo.

“Desempenhou um relevante papel na sociedade portuguesa, como jurista ilustre, magistrada com profundas preocupações sociais e funções de liderança, nomeadamente enquanto Procuradora-Geral da República”, lê-se em nota da Presidência.

O Presidente da República, que ainda há duas semanas, acompanhou, no Porto, a sua luta pela vida, apresenta à Família e aos muitos Amigos e Companheiros de jornadas os mais emocionados sentimentos”, conclui.

Em 2018, Marcelo Rebelo de Sousa condecorou a antiga PGR com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.

Também o governo, através do Ministério da Justiça, “lamenta a morte de Joana Marques Vidal, magistrada notável e antiga Procuradora-Geral da República”.

Nascida a 15 de Dezembro de 1955 em Coimbra, a jurista licenciou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

Em 1979 começava uma carreira como procuradora do Ministério Público. Presidente da Direção da APAV de janeiro de 2007 a outubro de 2012, era nomeada nesse mesmo mês, pelo então Presidente da República Aníbal Cavaco Silva, a primeira mulher PGR, cargo que ocupou até 2018.

Entre os casos mais mediáticos sob a sua liderança estão o processo “Operação Marquês“, que envolveu o ex-primeiro-ministro José Sócrates, e o caso “Operação Fizz”, relacionado com tráfico de influências e corrupção.

Acabaria por não ser reconduzida na Procuradoria Geral da República devido a pressões da Polícia Judiciária Militar junto do Governo e de Belém, insinuou, na época dos factos, o juiz de instrução do caso Tancos, João Bártolo, durante o interrogatório ao ex-ministro da defesa Azeredo Lopes.

 

“Será sempre recordada como um símbolo da luta contra a corrupção e da coragem em enfrentar os poderes instalados, por muito fortes que sejam”, escreveu no X o líder do Chega, André Ventura — o primeiro a reagir à notícia.

“Uma PGR que quis fazer o devido”, publicou, um minuto depois de Ventura, a ex-candidata à Presidência da República Ana Gomes.

Também a ministra da Justiça, Rita Júdice, lamentou a morte da antiga Procuradora-Geral da República, manifestando “profundo respeito” pela perda daquela “magistrada notável”.

Joana Marques Vidal vai estar em câmara ardente durante esta quarta-feira a partir das 14h às 22h na freguesa de Pedaçães, concelho de Águeda. As cerimónias fúnebres decorrerão em Aveiro, localidade onde a ex-procuradora-geral da República será cremada.

ZAP // Lusa

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