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Morreu Teresa Tarouca, fadista de “Saudade, silêncio e sombra”

(dr) Teresa Tarouca / Facebook

A fadista Teresa Tarouca morreu na madrugada desta segunda-feira, no Hospital S. Francisco Xavier, em Lisboa, aos 77 anos, vítima de pneumonia dupla, disse à agência Lusa fonte próxima da família.

O corpo de Teresa Tarouca seguiu esta segunda-feira às 17:00, para a Basílica da Estrela, onde ficará em câmara ardente. Na terça-feira, haverá, pelas 10:30, uma missa de corpo presente, seguindo depois o funeral para o Crematório do Cemitério dos Olivais, em Lisboa.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lembrou que Teresa Tarouca foi a primeira a adaptar poemas de Fernando Pessoa para fado, e sublinhou a fadista de Saudade, silêncio e sombra será recordada pelas suas “canções melancólicas“.

“Pela sua carreira recebeu, em 2013, o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique. E conquistou a admiração dos seus pares e do público, que recorda as canções melancólicas de Teresa Tarouca, fadista de ‘Saudade, silêncio e sombra'”, lê-se numa mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa, publicada na site da Presidência da República.

A primeira a cantar Fernando Pessoa

Nascida em janeiro de 1942, Teresa de Jesus Pinto Coelho Telles da Silva adotou o nome artístico de Teresa Tarouca, indo buscar um velho apelido de família.

Segundo o Museu do Fado, Teresa Tarouca começa por cantar com 11 anos de idade em espectáculos de beneficência e foi considerada menina-prodígio, durante os anos 50. Teresa estreia-se a cantar o fado com apenas 13 anos, no Salão de Bombeiros de Oeiras. Em 1958 recebe o Óscar da Imprensa.

“Testamento”, na década de 1960, “Mouraria”, “Deixa que te cante um fado”, “Saudade, silêncio e sombra”, “Meu bergantim”, “O resineiro”, “Fado, dor e sofrimento”, “Passeio à Mouraria”, “Ora bate, bate” contam-se entre os sucessos de Teresa Tarouca.

Em 1962, assinou o primeiro contrato de gravação, com a então editora RCA, e, em 1964, recebeu o prémio da Imprensa, ou Prémio Bordalo, na categoria Fado.

Cantou poemas e músicas de fados clássicos de autores como António de Bragança, João de Noronha, Alfredo Marceneiro, Pedro Homem de Mello, Francisco Viana, Maria Manuel Cid, Casimiro Ramos, João de Noronha, Nuno de Lorena João Ferreira-Rosa, Alda Lara, entre outros. Teresa Tarouca foi a primeira fadista a cantar Fernando Pessoa.

Em 1973 foi convidada para o Festival RTP da Canção, em cuja primeira parte interpretou “Cai chuva do céu cinzento”, fado que criou com letra do autor de “Mensagem”. Durante a sua carreira artística, a fadista apresentou-se em palcos de vários países, nomeadamente, Dinamarca, Bélgica, Espanha, Estados Unidos da América, Brasil e em Macau.

Em 1989, foi editado o disco “Tereza Tarouca canta Pedro Homem de Mello”, trabalho considerado emblemático na carreira da fadista. Em maio de 1994 comemorou os 33 anos de carreira no Teatro Tivoli, em Lisboa, tendo continuado a cantar com regularidade.

Em 1996, atuou no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, e em 2003, no restaurante e casa de fados “Velho Páteo de Sant´Ana”, em Lisboa, onde foi fadista residente.

Em 1997, participou como “Atração de Fado” na revista “Preço Único”, no Teatro ABC, ao Parque Mayer, e, um ano depois, participou no musical “Fado… Esse malandro vadio”, de João Núncio com encenação de Francisco Horta.

Em junho de 2013, o então Presidente da República Cavaco Silva atribuiu-lhe o grau de comendadora da Ordem do Infante D. Henrique.

A última atuação de Teresa Tarouca em público data de outubro de 2013, durante a VIII Gala Amália, no Teatro S. Luiz, em Lisboa, recebeu o Prémio Amália de Carreira.

Durante o seu percurso artístico, Teresa Tarouca teve a oportunidade de se apresentar em vários países: Dinamarca, Bélgica, Espanha, Estados Unidos da América, Brasil, Macau.

ZAP // Lusa

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