O ator português Carlos Lacerda, de 72 anos, que se destacou em companhias como Seiva Trupe e em produções televisivas como “Vidas de Sal”, morreu na segunda-feira, no Hospital do Barreiro, Setúbal, disse hoje à Lusa fonte próxima da família.
“Carlos Lacerda faleceu no dia 09 de setembro, vítima de pneumonia, no Hospital do Barreiro”, disse à agência Lusa o encenador e ator Gonçalo Barata, amigo da família, acrescentando que o corpo vai estar em câmara ardente, a partir de hoje à tarde, na Igreja de São Pedro de Alcântara, na calçada da Tapada, em Lisboa.
Nascido no Porto, Carlos Lacerda iniciou-se no teatro no Orfeão da Foz do Douro, passando depois por companhias como o Grupo Teatral de Ramalde e a Seiva Trupe, onde decorreu grande parte da sua carreira, sem esquecer o seu trabalho com outros grupos como a Companhia de Teatro de Lisboa, a Companhia Teatral do Chiado, a Sociedade Guilherme Cossoul, a Companhia de Teatro de Almada, A Barraca e o Grupo Comédias de Lisboa.
“Perde-se um grande ator e um grande amigo. Trabalhou sempre com grande generosidade e era muito querido com os colegas, muito profissional, muito rigoroso e muito crítico com ele próprio e no meio artístico”, declarou Gonçalo Barata, acrescentando que Carlos Lacerda era “muito considerado pelos colegas”.
Carlos Lacerda fez teatro, cinema e televisão. Representou obras de referência da dramaturgia mundial como “Tio Vânia”, de Anton Tchékhov, “Antígona”, de Sófocles, na adaptação de Bertolt Brecht, “Gota d’Água”, de Chico Buarque, “Cais Oeste”, de Bernard Marie-Koltés, “Henrique V”, de Luigi Pirandello, “Vórtice”, de Neel Coward, “Dá Raiva Olhar para Trás”, de John Osborne, “As Criadas”, de Jean Genet, “Calígula”, de Albert Camus, e “Casa de Mulheres”, de Dacia Maraini, que também encenou.
Foi um nome familiar na televisão portuguesa, sobretudo entre os anos de 1980 e a primeira década de 2000, surgindo nos diferentes canais nacionais, em produções como “O Processo de Camilo”, “Vidas de Sal”, “Grande Aposta”, “Nico d’Obra” e “Ballet Rose”, da RTP, “Médico de Família” e “Aqui Não Há Quem Viva”, da SIC, “Doce Fugitiva” e “Tudo por Amor”, da TVI.
Trabalhou com encenadores como Norberto Barroca, Angel Facio, Joaquim Benite, Carlos Avilez, Carlos Barradas, Hélder Costa, entre outros.
No cinema e no audiovisual, trabalhou com realizadores como Monique Rutler (“Solo de Violino”), Fabrizzio Costa e Jorge Queiroga, Nicolau Breyner e Leonel Vieira, Júlio Cardoso e Ulysses Cruz (director da Globo). Como dramaturgo, foi autor de cerca de 20 textos dramáticos.
Era casado com a atriz Estrela Novais, há 33 anos, e era tio do ator Ângelo Rodrigues. Na quarta-feira, dia 11, o corpo do ator sairá da Igreja de São Pedro de Alcântara, às 11:00, de onde seguirá para cemitério dos Olivais, em Lisboa, onde decorrerá a cerimónia de cremação, às 12:00.
// Lusa