Líder do PCP devolveu as acusações de “força de bloqueio” aos socialistas, defendendo que se deve “cumprir a lei em vigor”. Mudança é “um fato à medida dos interesses da ANA e da Vinci”, acrescentou.
O líder do PCP defendeu esta quinta-feira a lei sobre o novo aeroporto no Montijo, que o executivo quer alterar, e devolveu as acusações de “força de bloqueio” aos socialistas por não defenderem a lei aprovada em 2007 por um Governo PS.
A mudança da lei, que dá às autarquias envolvidas o direito a vetar o avanço do projeto, defendida pelo ministro das Infraestruturas, é “um fato à medida dos interesses da ANA e da Vinci”, empresa responsável pelo aeroporto, afirmou Jerónimo de Sousa aos jornalistas, à margem de um encontro sobre ferrovia e transportes, em Lisboa.
“O erro de fundo é o aeroporto [ser] no Montijo”, disse, recordando que o PCP “sempre” defendeu a opção de construir o novo aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete, também no distrito de Setúbal.
Para o líder comunista, “deve-se cumprir a lei em vigor”, depois de lembrar que foi em 2007 um governo do PS a aprovar o “respetivo decreto, que está em vigor”. E afirmou-se surpreendido por ser agora um Governo socialista vir “agora com uma teorização” quanto ao diploma que permite um “posicionamento das autarquias em relação ao seu território” e que permite “um parecer à matéria de facto”.
Segundo o secretário-geral do PCP, é um “processo discutível” de, “perante uma resistência ou uma dificuldade”, como aconteceu com as câmaras do Seixal e Moita, da CDU, que são contra o avanço do projeto, vir agora dizer “altere-se a lei”.
“É um mau caminho que o PS e o Governo está a fazer”, concluiu.
Quanto à acusação do PS de Setúbal, distrito onde fica o Montijo, de que o PCP é uma “força de bloqueio”, uma expressão usada nos tempos de maioria absoluta do PSD de Cavaco Silva, Jerónimo de Sousa sorri e aponta contradições aos socialistas.
“Estamos a defender um decreto do Governo do PS. Afinal a força de bloqueio é o PS, que já está contra a sua própria lei”, afirmou, com ironia.
// Lusa