O líder do PSD, Luís Montenegro, criticou esta sexta-feira a “festa” e o “deslumbramento” do Governo em relação ao pagamento da segunda tranche do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), sublinhando que o executivo está em “contramão” com a realidade.
“Fico preocupado com um Governo, que, a par do seu líder, se apresenta deslumbrado com a apresentação de algumas notícias, que não têm efetivamente correspondência com a realidade. Acho até um bocadinho problemático que nós tenhamos um Governo que, enfim, faça uma festa por receber uma segunda tranche de um programa que está atrasado”, afirmou.
Montenegro falava aos jornalistas no fim de uma visita à Universidade da Beira Interior, na Covilhã, onde se deslocou no âmbito do programa “Sentir Portugal”, que iniciou no domingo no distrito de Castelo Branco.
Num balanço final, Montenegro fez questão de salientar que encontrou um território com “potencial de recuperação e resiliência”, tendo aproveitado essa classificação para fazer a ponte com o anúncio de que a Comissão Europeia aprovou segundo desembolso a Portugal no âmbito do PRR, mostrando-se “preocupado” com as reações de satisfação.
Para Montenegro não faz sentido que o Governo faça “gala” no anúncio quando, segundo voltou a reiterar, a execução do PRR está atrasada e no terreno existe um “descontentamento generalizado”. “Há uma contradição com o que nós encontramos no terreno”, disse.
Destacando que empresários e responsáveis de instituições públicas garantem que não veem chegar os apoios e até presidente da República e o Governador do Banco de Portugal já manifestaram apreensão e preocupação com o atraso na execução do PRR, o líder do PSD frisou que só o Governo se mostra “satisfeito” e comparou esta atitude como um carro que segue em contramão acreditando que é o único que está certo.
“Faz lembrar aquela situação em que todos os carros, numa autoestrada, vão numa determinada direção e vem um carro em contramão e esse carro pensa que vai no sentido correto. Portanto, nós temos um Governo em contramão com a realidade do país”, afirmou.
O líder dos sociais-democratas considerou ainda que o distanciamento do Governo relativamente à realidade também se verifica no que concerne ao crescimento económico e às previsões divulgadas pelo Banco de Portugal.
“Nós temos um Governo que está satisfeitíssimo com o crescimento económico deste ano. Que vai fazer uma festa (…) que vai fazer uma festa com a economia, com a contenção do défice público, mas é preciso olhar para toda a fita do tempo”, referiu.
Montenegro destacou que, em 2021, Portugal esteve entre os países que menos recuperaram e frisou que os resultados de 2022 são mais positivos porque o ponto de partida era muito baixo, sendo que para 2023 as previsões já apontam que Portugal será um dos países que crescerá menos.
Por isso, o líder do PSD voltou a defender que Portugal tem de ser mais ambicioso e que tende lutar para estar no topo da tabela e não na cauda da Europa.
«…garantir sucesso ao grande Capital que sustenta os Partidos, através de provocar a concentração capitalista (à custa das pequenas e médias Empresas). Grande poder económico, este, em grande parte assente ou suportado por uma estratégia organizada nas sociedades secretas.
Sociedades secretas que, por sua vez e ao contrário do que a população resignada julga, dominam os Partidos políticos e, assim, o próprio poder político…» – Alberto João Jardim in «Um país de resignados e conformados»