A história da rádio está repleta de factos inesquecíveis, que mostram a sua importância ao longo de décadas. Hoje é o Dia Mundial da Rádio.
Hoje, 13 de Fevereiro, é o Dia Mundial da Rádio. Uma comemoração recente: foi proclamada na 36.ª Conferência Geral da UNESCO, em 2011.
Este dia tenta mostrar a importância da rádio enquanto meio de divulgação de informação a baixo custo; e um meio de comunicação que consegue alcançar populações mais remotas e marginalizadas, garantindo o acesso à informação e ao ensino.
Em 2025 o tema escolhido é «Rádio e Alterações Climáticas», anuncia a Organização das Nações Unidas.
A UNESCO acredita que este ano é crucial para as alterações climáticas: de acordo com o Acordo de Paris, se a humanidade quiser limitar o aquecimento global a 1,5°C, as emissões de gases com efeito de estufa devem atingir o seu pico o mais tardar em 2025, antes de começarem a diminuir.
Mas, voltando à rádio, deixamos aqui 5 momentos fascinantes, significativos, da História da rádio. Quer lá fora, quer em Portugal. Podiam ser muitos mais, escolhemos estes.
Origem
Quando se pensa em inventor da rádio, pensa-se logo em Guglielmo Marconi. Sim, o italiano foi o “pai da rádio”, com avanços significativos, como o facto de ter realizado a primeira transmissão transatlântica, em 1901.
Mas não esteve sozinho – nem nesse momento. E Nikola Tesla, Alexander Popov ou Reginald Fessenden também foram importantes, com teorias, tecnologias, dispositivos, transmissões inéditas.
Ou seja: a rádio não foi inventada por uma única pessoa.
Guerra
Este fascínio não é propriamente positivo.
Desde cedo a rádio serviu como ferramenta poderosa para propaganda. Marconi, desde logo: o regime de Mussolini queria aproveitar as suas capacidades para aumentar o seu poder e a sua influência (através da comunicação e de inovações militares – mas isso seria outra conversa).
Durante a II Guerra Mundial, a rádio foi essencial: grandes líderes usavam este meio para influenciar a opinião pública, tanto nos seus países como no estrangeiro. A BBC transmitia mensagens de Churchill – e não só – para a Europa ocupada pelos nazis; a Alemanha transmitia as mensagens que Hitler queria. E, claro, foi essencial na comunicação e coordenação militar.
Nixon ganhou (só na rádio)
1960, campanha para as eleições presidenciais nos EUA. O debate entre John F. Kennedy e Richard Nixon passou na rádio e na televisão.
Quem viu o debate, olhou para Kennedy como vencedor, por causa da sua presença calma e aparência confiante. Quem só ouviu o debate, pela rádio, achou que Nixon foi melhor, porque quem ouviu (e não viu) concentrou-se mais no conteúdo do que o candidato dizia, sem ser influenciado pela sua aparência cansada e pálida, por vezes a suar, na televisão.
Simplesmente Maria
Ai que nostalgia. Os leitores menos jovens do ZAP certamente se lembram dessa radionovela histórica em Portugal.
Inspirada numa obra do Peru, e transmitida pela Rádio Renascença entre 1973 e 1974, teve 200 episódios repletos de emoção, à volta da menina Maria Ramos, de 20 anos, a analfabeta que deixou a aldeia para servir em Lisboa.
É o exemplo mais marcante do que acontecia até àquela altura: portugueses, sobretudo portuguesas, à volta do transístor, atentas, a chorar. “Viam” a história sem ver; imaginavam as pessoas, os cenários. As pessoas andavam pela rua e ouviam a novela se as janelas estivessem abertas. Ouvia-se este programa em quase todas as casas.
Simplesmente Maria foi a última radionovela com grande impacto em Portugal – a televisão começou a ganhar espaço… Mas nota especial para a Antena 2 e para algumas rádios locais, que ainda hoje vão recuperando estes dramas radiofónicos.
Rádio pirata
Outra fase com grande impacto em Portugal (e não só, claro). Muitos anónimos, completamente inexperientes, construíram a sua própria estação de rádio. Com conteúdos e diálogos alternativos, por vezes arriscados, por vezes proibidos.
Muito corajosa antes do 25 de Abril, com outras informações, com vozes dissidentes a fugir à censura; emissoras que operavam geralmente a partir de locais secretos e muitas vezes mudavam de frequência para a PIDE não as localizar.
Mas a rádio pirata prolongou-se depois da revolução; muito popular entre os mais jovens, serviam para experiências, para arriscar. Os tais anónimos inexperientes passaram a ser tantos, com dezenas e dezenas de estações piratas no país, muitas a apostar na música e no entretenimento – que chegou o momento em que foi preciso pôr um travão, regular o sector. E não havia, nem há, espaço para todos no espectro de radiofrequências.
Exemplo mais conhecido da rádio pirata? em 1984, quando começou… a TSF. Sim, com emissão pirata que durou 4 horas.
“Simplesmente Maria”! Não sei se o folhetim passou mais do que uma vez, mas eu ouvi este Romance por volta dos anos 65-67, não em 1973 como indica esta notícia; a menos que o tenham transmitido também em 1973.
Lembro-me muito bem de ouvir a rádio na loja (mercearia) do meu tio – Senhor José dos Santos, muito antes de vir para Coimbra, em Outubro de 1969.
Boa noite, Maria de Lourdes.
A ‘Simplesmente Maria’ estreou em Portugal em 1973.
A própria Rádio Renascença confirma a data.
Aliás, é impossível ter ouvido este programa em 1965, já que foi inspirado numa obra de 1969. Só apareceu cá uns anos depois.
As suas recordações podem estar relacionadas com outra radionovela anterior, já que ‘Simplesmente Maria’ não foi o único formato do género em Portugal.
Obrigado pela atenção ao artigo.