Molécula antiapetite pode levar a pílula contra obesidade

Tobyotter / Flickr

A descoberta de uma molécula que diz ao corpo quando deve parar de comer abre caminho para o desenvolvimento de novos medicamentos contra a obesidade, anunciaram cientistas na Grã-Bretanha.

De acordo com investigadores do Imperial College, em Londres, o segredo estaria numa substância chamada acetato, libertada no intestino durante a digestão das fibras presentes em frutas, legumes e verduras.

Os cientistas afirmam que uma pílula com a molécula poderia, teoricamente, ajudar as pessoas a diminuírem a ingestão de comida sem se submeterem a dietas rigorosas.

O estudo britânico, que foi publicado na Nature, aponta que grandes quantidades de acetato são libertadas quando frutas, legumes e verduras são digeridos por bactérias intestinais.

Hipotálamo

Os cientistas observaram o comportamento da molécula e constataram que a substância tinha impacto sobre a região do hipotálamo do cérebro, que controla a fome.

A investigação sugere que a obesidade se tornou uma epidemia global quando a humanidade passou a ter uma dieta baseada em comida processada, que não reage com a bactéria presente no intestino e, portanto, não produz acetato. Dessa forma, o cérebro não recebe qualquer sinal de saciedade.

Atualmente, a dieta padrão na Europa contém apenas 15 gramas de fibras por dia. Nos tempos da Idade da Pedra, esse valor era de 100 gramas por dia.

“Infelizmente, o nosso sistema digestivo não evoluiu ao ponto de conseguir lidar com a dieta moderna e esse desequilíbrio contribui para a epidemia de obesidade dos dias de hoje”, afirmou o professor Gary Frost, do Imperial College, ao jornal britânico The Telegraph.

Novas drogas

Embora afirmem que a principal conclusão da investigação é alertar sobre a necessidade de ingerir mais frutas, verduras e legumes, os cientistas dizem acreditar que seria possível criar novas drogas para ajudar quem faz dieta.

“A nossa investigação mostra que a libertação do acetato é importante para entender como as fibras reduzem o apetite e isso pode ajudar a comunidade médica a combater a ingestão excessiva de alimentos”, afirmou Frost.

“O maior desafio é desenvolver uma droga que possa libertar a quantidade de acetato necessária para controlar a saciedade de uma forma que seja aceitável e segura para os humanos”, acrescentou o investigador.

Investigação

O estudo analisou os efeitos de um tipo de fibra chamada inulina, presente em alimentos como a beterraba e também é adicionada a barras de cereais.

Experiências feitas em camundongos revelaram que as cobaias submetidas a uma dieta rica em gordura com adição de inulina comeram menos e ganharam menos peso do que as que ingeriram uma dieta rica em gordura sem inulina.

Também descobriram que o acetato se acumula no hipotálamo e ali desencadeia uma série de reações químicas que afetam neurónios, reduzindo fome.

A investigação também mostrou que, quando o acetato foi injetado diretamente na corrente sanguínea, no intestino ou no cérebro, os camundongos reduziram a ingestão de comida.

Como o acetato permanece ativo apenas por um pequeno período de tempo no corpo, cientistas acreditam que uma “pílula de acetato” seja necessária para prolongar o efeito da substância no organismo.

ZAP / BBC

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