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Moedas “ainda está a pensar” como vai ser. Bloco não quer dinheiro da Câmara na Web Summit

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Web Summit / Flickr

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, na Web Summit 2021

O BE/Lisboa pediu hoje a retirada da proposta de financiamento de sete milhões para a Web Summit, agendada para a reunião extraordinária da Câmara Municipal de quarta-feira, considerando que a sua aprovação “seria má gestão de dinheiros públicos”.

“Os pressupostos da propostas não estão cumpridos”, lê-se numa nota do BE, salientando que este fim de semana “o presidente da Câmara Municipal de Lisboa não foi capaz de garantir que o evento se irá realizar e em que moldes”.

No sábado, o cofundador da Web Summit, Paddy Cosgrave demitiu-se do cargo depois de várias empresas terem cancelado a participação no evento, que decorre entre 13 e 16 de novembro na capital portuguesa, na sequência de afirmações que fez sobre o conflito que envolve Israel e a Palestina.

No dia seguinte, em declarações à comunicação social, o presidente da Câmara de Lisboa, o social-democrata Carlos Moedas, escusou-se a comentar a saída de Paddy Cosgrave e salientou que a Web Summit é um evento de tecnologia “importantíssimo para a cidade” e “não é um evento de política ou geopolítica”.

“Neste momento, aquilo que nós temos de fazer é trabalhar para que o evento corra bem, porque é um evento importantíssimo para a cidade, mas é um evento que é feito por um operador privado, que envolve também o Estado português”, disse, assegurando que “separa as coisas” e distingue “aquilo que é o fundador e o que é a empresa”.

Carlos Moedas reforçou ainda “querer muito que esta Web Summit aconteça, que aconteça em boas condições” e, por isso, o município continuará “a trabalhar para isso”.

No comunicado divulgado hoje, o Bloco justifica o pedido feito pela vereadora bloquista Beatriz Gomes Dias de retirada da proposta agendada por Carlos Moedas para a reunião extraordinária do município de quarta-feira argumentando que se trata de um evento que o autarca ainda estará a pensar como irá decorrer.

“A aprovação de sete milhões de euros para um evento em que Carlos Moedas ainda estará ‘a pensar na forma como a Web Summit irá decorrer’ seria só má gestão de dinheiros públicos, mais ainda quando esse dinheiro poderia ser usado na construção de quatro creches para 300 bebés ou na recuperação de 2 escolas básicas melhorando a vida de cerca de 250 crianças”, lê-se na nota.

Já hoje, fonte oficial disse à Lusa que a Web Summit vai contar com “mais de 300 parceiros”, alguns dos quais, que estavam a ponderar regressar ao evento “e reverteram a sua decisão“.

Depois da onda de críticas, Paddy Cosgrave pediu desculpas, o que não impediu que várias empresas cancelassem a sua participação na Web Summit.

Entre as empresas que anunciaram, na altura, o cancelamento, estavam a Amazon, Meta, Google, Intel, Siemens e investidores israelitas que já tinham anunciado antes que não participariam no evento.

O embaixador de Israel em Portugal, Dor Shapira, revelou a semana passada que informou o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, de que o seu país irá falhar “uma das maiores conferências tecnológicas do mundo devido às declarações ultrajantes” de Cosgrave.

“Dezenas de empresas já cancelaram a sua participação nesta conferência e encorajamos outras a fazê-lo”, realçou o diplomata, numa nota na rede social X (antigo Twitter).

Na referida rede social, Cosgrave escreveu, em 13 de outubro, uma publicação que resultou numa onda de críticas entre várias responsáveis de empresas tecnológicas israelitas.

“Estou impressionado com a retórica e as ações de tantos líderes e governos ocidentais, com a exceção particular do Governo da Irlanda, que pela primeira vez estão a fazer a coisa certa. Os crimes de guerra são crimes de guerra mesmo quando cometidos por aliados, e devem ser denunciados pelo que são”, destacou Paddy Cosgrave.

No mesmo dia, partilhou uma frase de Mahatma Gandhi que também foi mal recebida por alguns utilizadores: “um olho por olho e o mundo acabará cego”.

O grupo islamita Hamas lançou em 07 de outubro um ataque a Israel que fez cerca de 1.400 mortos. Em resposta, Israel tem vindo a bombardear várias infraestruturas do Hamas na Faixa de Gaza e impôs um cerco ao território com corte no abastecimento de água, combustível e eletricidade.

ZAP // Lusa

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