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Moderna testa vacina em milhares de crianças dos seis meses aos 11 anos

Gary Coronado / EPA

A Moderna começou a testar a sua vacina contra a covid-19 em milhares de crianças entre os seis meses e os 11 anos, anunciou esta terça-feira a farmacêutica norte-americana.

A empresa norte-americana Moderna anunciou, esta terça-feira, que começou a testar a sua vacina em milhares de crianças dos seis meses aos 11 anos de idade, um novo passo considerado necessário para pôr fim à pandemia de covid-19.

Embora as crianças representem uma grande proporção da população, são menos suscetíveis de sofrer casos graves da doença, e as crianças mais pequenas são menos suscetíveis de a transmitir. A vacinação de crianças não tem sido, portanto, uma prioridade.

Atualmente, a vacina contra a covid-19 da Pfizer é aprovada para pessoas com 16 anos ou mais e as da Moderna e Johnson & Johnson’s para pessoas com 18 anos ou mais. As três empresas norte-americanas já começaram, em alguns casos há vários meses, ensaios clínicos para testar as vacinas em adolescentes (a partir dos 12 anos de idade).

A AstraZeneca, por seu turno, está a estudar o efeito da sua vacina em crianças a partir dos 6 anos de idade.

A Moderna estima ter 6.750 crianças e bebés em ensaios clínicos nos Estados Unidos e Canadá, que serão seguidas durante 12 meses após a segunda toma do imunizante. O número é menor do que as dezenas de milhares de voluntários para os ensaios em adultos porque o foco é determinar qual a melhor dosagem para as crianças.

O mecanismo da própria vacina, bem como a sua segurança, já foi estudado, afirmam os cientistas.

Segundo o imunologista Anthony Fauci, as crianças norte-americanas com menos de 12 anos “muito provavelmente” poderão ser vacinadas no início de 2022. Por seu lado, a presidente da Academia Norte-Americana de Pediatria, Lee Savio Beers, considerou a vacinação de crianças de “alta prioridade”.

“Crianças com menos de 10 anos transmitem menos o vírus, mas isso não significa que não o transmitam de todo”, inclusive a pessoas em risco, argumentou. E “mesmo que seja menos provável que fiquem gravemente doentes, também podem ficar gravemente doentes”, incluindo por vezes durante vários meses, disse, recordando que foram registadas várias centenas de mortes de crianças.

Além disso, são “desproporcionadamente afetados” por algumas das consequências da pandemia, tais como o encerramento de escolas. “Quanto mais pessoas pudermos vacinar, melhor”, disse Henry Bernstein, professor de pediatria.

Nos Estados Unidos, cerca de um quinto da população tem menos de 18 anos de idade. E a proporção pode ser mais elevada noutros países. Por conseguinte, parece improvável que a chamada imunidade do grupo necessária para parar a epidemia possa ser alcançada sem a inclusão dos mais jovens.

Ainda não é clara a percentagem da população que terá de ser vacinada para alcançar a imunidade de grupo. “Talvez 70% ou 85%“, disse Fauci.

No mesmo sentido, os especialistas pediátricos Perri Klass e Adam J. Ratner escreveram na revista científica NEJM, em fevereiro, que a efetiva imunidade de grupo “exigirá a vacinação das crianças”, considerando que se trata de uma “obrigação ética e de uma necessidade prática”.

Os benefícios serão tanto “diretos” (as crianças ficarão menos doentes), como “indiretos” (não transmitirão a doença), salientaram.

// Lusa

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