A artista plástica e modelo brasileira Kawara Welch perseguiu durante três anos um médico e a sua família. Num só dia, enviou 1300 mensagens e fez 500 chamadas de voz. Foi condenada por stalking e roubo do telemóvel da esposa do médico — com a cumplicidade da avó.
A justiça brasileira condenou Kawara Welch a 10 anos, 7 meses e 2 dias de reclusão em prisão domiciliária pelos crimes de perseguição a um médico de Ituiutaba, no estado de Minas Gerais.
A artista plástica foi ainda condenada pelo roubo das chaves do carro e do telemóvel da esposa do médico, com uso de violência, e por desobediência ao tribunal. A sentença é em primeira instância, pelo que cabe recurso da decisão.
Segundo o G1, o médico diz ter recebido, em apenas um dia, 1.300 mensagens e 500 chamadas da artista plástica e modelo brasileira.
Dalva Pereira Ramos, avó de Kawara, também acusada no processo apresentado pelo médico, foi condenada a 6 anos e 8 meses de prisão com pena suspensa, por co-autoria do roubo do telemóvel da esposa do médico.
Durante os interrogatórios policial e judicial, Dalva negou o roubo, mas confirmou que tinha pegado no telemóvel, acreditando que era seu, e que depois o devolveu.
De acordo com o processo, a perseguição ao casal aconteceu de 2020 a 2023, período durante o qual a esposa do médico chegou a desenvolver síndrome de pânico e insónia.
A artista plástica usava recursos tecnológicos para vigiar o médico, a esposa e o filho do casal, tendo chegado a fazer montagens da esposa com outros homens.
Na sentença, assinada pelo juiz André Luiz Riginel, o médico, a esposa e o filho foram reconhecidos como vítimas das rés. O magistrado determinou ainda que avó e neta paguem uma indemnização no valor de 33.500 euros por danos morais e materiais à família.
O advogado de defesa das rés, Rogério Inácio, que classificou a decisão como “pobre e completamente afastada da verdade“, afirma que fotografias, vídeos e áudios mostram que a jovem é a vítima, não a vilã.
“Fotografias, vídeos e áudios revelam toda a farsa montada para transformar a real vítima em algo que atendesse aos interessas da acusação. Atualmente, são raros os exemplos de juízes que repelem acusações infundadas ou pautadas por mentiras e distorções”, afirmou Inácio.
Kawara Welch, de 24 anos, é estudante de Ciências da Nutrição em Uberlândia, Minas Gerais. Apresenta-se nas redes sociais como artista plástica e modelo. No seu perfil no Instagram partilha habitualmente selfies, fotografias em ensaios, momentos em família e amigos, e também os seus quadros.
A maioria dos quadros partilhados por Kawara retrata paisagens e flores. Alguns deles, porém, contêm ilustrações de corações humanos num contexto médico, salienta o UOL.
Uma outra obra, a que Kawara deu o nome de “Nas Asas da Justiça”, retrata uma mulher com cabelos castanhos e longos, asas, vendada, com uma espada e uma balança.