Nuno Fox / Lusa

Catarina Martins
O rascunho da moção bloquista, subscrita por Catarina Martins, Pedro Filipe Soares e Marisa Matias, foi enviado aos militantes. A convenção do partido está marcada para os dias 22 e 23 de maio.
No texto Sair da crise, atacar a desigualdade, o Bloco de Esquerda salienta que teve razão quando votou contra o Orçamento do Estado para 2021, numa tentativa de impedir o PS de seguir uma política de “continuismo”.
Agora, algumas das prioridades – como o reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS), da proteção social, direitos laborais -, assim como algumas questões relacionadas com o “investimento público para o emprego” e a “transição climática”, ditarão “aproximações ou distanciamentos face ao Governo”, avança o Bloco, citado pelo Expresso.
Assim, o partido avisa o PS contra a escolha de uma “via centrista“, uma “recriação de uma tática que já vimos falhar em inúmeros países”. “Procura-se uma alternância sem alternativa e excluem-se avanços sociais do diálogo à esquerda.”
As críticas do Bloco de Esquerda estenderam-se também ao Presidente da República, que à direita “conforta” o PS; e ao PCP e ao PAN, que mais à esquerda “legitimam” a política do Governo.
Perante este cenário, escrevem os bloquistas, “sobra só a chantagem da perda do poder para a direita radicalizada”. O Bloco quer então apresentar-se como a “garantia de uma alternativa à esquerda” e um defensor da antiga geringonça, “da qual o PS se afastou e que não quis reeditar”.
“Não existe qualquer fatalidade democrática que atribua à direita radicalizada um destino de poder. Pelo contrário, ela pode ser derrotada se a potência das alternativas à esquerda lograr responder à maioria e aos setores mais penalizados na crise”, lê-se no texto.
Para a “saída da crise”, apontam respostas como a aposta em “políticas públicas fortes” para resolver os problemas da habitação, controlar empresas estratégicas, garantir uma “transição justa” no combate às alterações climáticas ou modernizar setores atrasados da economia.
O processo de preparação das eleições autárquicas é também abordado no documento. O partido deixa claro que não fará coligações pré-eleitorais com PS e PSD, só com forças de esquerda.
“O Bloco apresenta listas próprias, abertas à participação de candidatos independentes e não realizará coligações com os partidos de direita e com o Partido Socialista”, lê-se no texto elaborado por Catarina Martins, Marisa Matias e Pedro Filipe Soares.
O partido admite depois participar em maiorias de esquerda nas várias autarquias, pós-eleições, que incluam garantias sobre “medidas fundamentais”.
O texto da moção foi enviado na quinta-feira aos militantes e ficará agora em discussão no trabalho preparatório até à convenção, marcada para dias 22 e 23 de maio, no Porto.