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Afinal, o místico Planeta X pode não existir (mas ainda há esperança)

R. Hurt (IPAC) / Caltech

Uma nova investigação, realizada por astrónomos da Universidade da Pensilvânia, no Estados Unidos, questiona a existência do misterioso Planeta X, cuja teoria defende que é o nono planeta do Sistema Solar e que orbita o Sol além de Neptuno.

Desde 2014 que os astrónomos têm proposto uma panóplia de possibilidades que poderiam explicar o estranho comportamento exibidos pelos “objetos transnetunianos” – pequenos corpos celestes que orbitam o Sol além de Neptuno.

Alguns astrónomos argumentaram que esses objetos poderiam estar a ser influenciados pela atração gravitacional de uma enorme e ainda desconhecido nono planeta, cinco vezes a massa da Terra. Outros cientistas argumentaram que o Planeta X é simplesmente um aglomerado de rochas espaciais mais pequenas.

No entanto, agora, investigadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, analisaram dados do Dark Energy Survey, um estudo visível e de infravermelho próximo realizado num observatório no Chile, e não encontraram evidências de nenhum “objeto transnetuniano extremo” a agrupar-se.

Em declarações ao New Scientist, Pedro Bernardinelli, principal autor do estudo submetido na arquivo de pré-impressão arXiv no início deste mês, disse que “não teríamos formulado a ideia do Planeta X se os nossos dados fossem os únicos que existiam”.

Bernardinelli liderou outro estudo, publicado no mês de março, que afirmava ter descoberto 139 planetas menores – mundos demasiado pequenos para serem considerados planetas propriamente ditos, mas também não cometas nem rochas espaciais – a orbitar o Sol além de Neptuno, usando dados do Dark Energy Survey.

“À medida que descobrimos mais destes objetos distantes, a distribuição começa a parecer mais uniforme”, disse Samantha Lawler, da Universidade de Regina, no Canadá, que não participou no estudo, ao New Scientist. “É muito mau para a ideia do Planeta X”.

Porém, de acordo com a investigadora, ainda não é hora de desistir da ideia da existência do Planeta X. “A forma como a hipótese do Planeta X é construída é que é completamente impossível falsificá-la – a única forma de provar que não existe é procurar em cada centímetro quadrado do céu e não encontrá-lo”, disse.

A existência do Planeta X, que os cientistas acreditam ser gigante e gélido, foi prevista pela primeira vez no trabalho de Konstantin Batygin e Mike Brown em janeiro de 2016. As suas propriedades físicas e químicas devem ser semelhantes às de Urano e Neptuno e o misterioso mundo deverá ter um longo período de órbita: 15 mil anos.

Há cientistas que sustentam ainda que o “novo” membro do Sistema Solar possa ser também responsável pela inclinação incomum do Sol.

Os defensores da hipótese do Planeta X ainda mantêm a esperança e alegam que não há dados suficientes para chegar a uma resposta, uma vez que as órbitas incomuns dos objetos transnetunianos os levariam a distâncias extremas do Sol, onde se tornariam incrivelmente difíceis de detetar.

ZAP //

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