As flutuações invulgares no campo magnético de Júpiter podem ajudar a desvendar segredos sobre o que existe no interior do gigante gasoso.
Uma equipa de cientistas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, detetou alterações no campo magnético de Júpiter que sugerem a existência de misteriosas ondas no interior do seu núcleo.
O campo magnético de um planeta é uma espécie de janela para a dinâmica que acontece nas profundezas da sua superfície.
Qualquer tipo de alteração revela as interações secretas entre o magnetismo, o fluxo de fluidos e outras forças, sendo que são essas mesmas interações as responsáveis por gerar o campo magnético da Terra.
Nesta nova investigação, segundo informa o Science Focus, os cientistas notaram que um jato – uma corrente de alta velocidade – nas profundezas da atmosfera de Júpiter estava a flutuar em períodos de cerca de quatro anos.
Tal observação foi possível graças à análise dos dados da nave espacial Juno, da NASA. De acordo com o artigo científico, agora publicado na Nature, as flutuações estão concentradas num campo magnético particularmente intenso, conhecido como a “Grande Mancha Azul“.
“Estas mudanças podem ser explicadas, em grande parte, por uma deriva da mancha para leste, mas, tal como é referido neste artigo, essa taxa de deriva está a flutuar”, explicou o investigador Jeremy Bloxham, professor de Geofísica na Universidade de Harvard.
Segundo os cientistas, estas flutuações indicam a presença de ondas nas profundezas do núcleo metálico do gigante gasoso.
A questão que se coloca agora é se se trata de ondas de torção – ondas em torno do eixo de rotação do planeta, isto é, a linha imaginária em torno da qual Júpiter gira – ou de ondas Alfvén – que viajam ao longo das linhas do campo magnético.
Seja qual for o seu tipo, a descoberta destas ondas ajudará os cientistas a desvendar a resposta às forças que governam o campo magnético de Júpiter.