O mistério da “Síndrome de Alice no País das Maravilhas” está mais perto de ser resolvido

ZAP // NightCafe Studio

Um novo estudo descobriu uma rede que envolve duas regiões do cérebro que é específica dos pacientes que sofrem desta síndrome rara.

Um estudo recente, pré-publicado em janeiro na medRxiv, dá novas perspetivas sobre a síndrome de Alice no País das Maravilhas (AIWS), uma condição rara e enigmática que faz com que indivíduos percebam partes do corpo ou objetos como desproporcionalmente grandes ou pequenos.

Esta condição, batizada a partir do clássico conto de Lewis Carroll, onde a protagonista, Alice, vive mudanças drásticas de tamanho, tem intrigado os cientistas devido aos seus sintomas invulgares e ao número limitado de casos documentados, cerca de 170 na literatura médica.

Segundo a New Scientist, a condição só foi reconhecida medicamente em 1955, quase um século depois da publicação do conto de Carroll, e não são ainda claras as suas causas, que parecem estar ligadas a enxaquecas, epilepsia, inflamações ou danos cerebrais.

O estudo, conduzido por Maximilian Friedrich, investigador do Brigham and Women’s Hospital, em Boston, nos EUA, identificou uma rede cerebral específica que envolve duas regiões críticas: a área extrastriada do corpo direito (EBA), associada à perceção do corpo, e o lobo parietal inferior esquerdo (IPL), envolvido no processamento de tamanho e escala.

Esta descoberta foi feita através da análise de mapeamento de rede de lesões de scans cerebrais de 37 indivíduos com AIWS, comparados com scans de 1000 sujeitos saudáveis e 1073 lesões ligadas a 25 diferentes distúrbios neuropsiquiátricos.

Os resultados sugerem que mais de 85% dos casos de AIWS estão ligados a estas duas regiões cerebrais, indicando um padrão único de conectividade específico para AIWS.

Este padrão está alinhado com resultados de neuroimagem anteriores em pacientes com AIWS provenientes de várias causas, oferecendo uma possível explicação para as distorções de perceção da desordem.

Tradicionalmente, os gatilhos para AIWS incluem enxaquecas, danos cerebrais e tumores, com casos relatados a mostrar lesões em diversas regiões do cérebro. Ao identificar a EBA direita e o IPL esquerdo como centrais para a AIWS, este estudo lança luz sobre os fundamentos neurológicos da síndrome.

O conhecimento adquirido com o novo estudo poderá agora servir de base ao desenvolvimento de novas terapias de tratamento desta enigmática síndrome.

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