Mistério resolvido: abelhas iridescentes descobertas na Polinésia são “saltitonas”

James Dorey Photography

Fêmea da espécie Hylaeus navai, uma das oito encontradas nas ilhas do Pacífico

Oito novas espécies de abelhas particularmente fascinantes foram recentemente descobertas na Polinésia — e resolveram um mistério que remonta à década de 1930.

Quando o entomologista norte-americano Elwood Zimmerman identificou, pela primeira vez, três abelhas únicas em flores tahetahe, nativas da Polinésia Francesa, ficou, tal como o resto do mundo, impressionado. Isto porque estas abelhas foram detetadas no conjunto de mais de 1000 ilhas do Pacífico, a milhares de quilómetros de distância de quaisquer outras populações de abelhas.

Como é que as pequenas abelhas conseguiram chegar lá? Só agora, 59 anos depois, é que um grupo de investigadores conseguiu desvendar esse mistério.

As novas espécies, que pertencem ao género Hylaeus, foram identificadas entre 2014 e 2019 nas Fiji, na Polinésia e na Micronésia, através de uma combinação de características morfológicas e ADN que explicitam uma significativa expansão da distribuição conhecida destas abelhas no Pacífico Sul, a leste de Vanuatu.

Agora, graças a uma ligeira alteração no método de amostragem, descobriram que as abelhas estiveram, desde sempre, na copa das árvores.

“Aqui mostramos que, apesar de quase uma década de amostragem de abelhas em Fiji, há um grupo inteiro de espécies que voou mesmo por cima das nossas cabeças até agora”, confessa o autor principal do estudo e professor nas Universidades de Wollongong e Flinders, James Dorey, em comunicado.

“Ao explorar novas técnicas de amostragem, descobrimos uma radiação de espécies desconhecidas de abelhas mascaradas Hylaeus na copa das árvores”, explicou.

As abelhas podem até ter chegado à Polinésia a “saltar” de ilha em ilha, desde a Fiji, empurradas por eventos climáticos significativos que facilitaram a sua dispersão pelas ilhas.

“Como a maioria das abelhas mascaradas nidifica em madeira, é provável que tenham navegado entre ilhas, especialmente quando ciclones tropicais lavam massas de materiais vegetais pelos rios e para o mar. Também é possível que tenham sido sopradas por ventos fortes, mas essa teria sido uma viagem muito mais perigosa para as nossas pequenas abelhas,” disse Dorey.

A nomeação de uma das novas espécies, Hylaeus de veli, inspira-se no folclore fijiano.

“Só quando trouxemos redes muito longas para Fiji e começámos a recolher das árvores é que começámos a encontrar as misteriosas e pequenas abelhas. Talvez não devamos ficar surpreendidos, já que a etimologia de Hylaeus pode significar ‘pertencente à floresta’,” considera o autor.

“Assim, o nome é destinado a invocar um sentido de responsabilidade pela proteção destas novas espécies especialistas em florestas e as suas árvores,” lembraram os autores do estudo publicado na revista Frontiers in Ecology and Evolution.

“Com estas abelhas, resolvemos o mistério: os ancestrais de H. tuamotuensis alcançaram a Polinésia ao saltar de ilha em ilha via Fiji e sudoeste do Pacífico!”, exclamou.

ZAP //

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