Os cientistas pensavam que o pinheiro Wollemi estava extinto há 2 milhões de anos — até ser redescoberto por um grupo de caminhantes, em 1994. Agora, os cientistas descodificaram o seu genoma para compreender como sobreviveu, quase inalterado, desde a época dos dinossauros.
Considerado extinto há 2 milhões de anos, o pinheiro Wollemi foi redescoberto em 1994 por caminhantes que encontraram “um grupo de estranhas árvores” no Parque Nacional Wollemi, a 100 quilómetros a oeste de Sydney, na Austrália.
Um novo estudo, realizado por uma equipa de cientistas da Austrália, dos Estados Unidos e de Itália, descodificou agora o genoma desta árvore ancestral, para melhor compreender a sua trajetória evolutiva e auxiliar na sua conservação.
Os resultados do estudo, que ainda aguarda revisão por pares, foram publicados no mês passado no bioRxiv.
O Wollemia nobilis, por muitos considerado um “fóssil vivo”, é quase idêntico a amostras de árvores do Cretáceo, período que se estende de 145 a 66 milhões de anos atrás, durante o qual os dinossauros andaram a passear a sua superioridade pela Terra.
Atualmente, há apenas 60 destas árvores em estado selvagem, sob a constante ameaça de incêndios florestais. Em 2020, os bombeiros australianos conseguiram salvar, por pouco, esta floresta de “árvores dinossauro”.
O Governo da Austrália mantém a sua localização exata em segredo para impedir que o Homem possa prejudicar estas árvores ancestrais.
E então, qual o segredo da sobrevivência das Wollami? A resposta parece estar no seu fascinante genoma, explica o Live Science.
De acordo com os resultados do estudo, o genoma do pinheiro Wollami tem 26 cromossomas com 12,2 mil milhões de pares de bases, ultrapassando largamente os 3 mil milhões de pares de bases do ser humano.
No entanto, estas árvores apresentam uma diversidade genética mínima, que aponta para uma redução significativa da população entre 10.000 e 26.000 anos atrás. As árvores atuais parecem reproduzir-se principalmente através da clonagem, um método denominado de coppicing.
Segundo os autores do estudo, o voluptuoso genoma destas árvores é devido à abundância de transposões, ou “genes saltadores”, que que se conseguem duplicar e movimentar pelo genoma.
O estudo permitiu também identificar que a espécie é particularmente vulnerável à doença Phytophthora cinnamomi, perigoso bolor aquático, devido à supressão de genes resistentes a doenças causada por um tipo de RNA relacionado com o desenvolvimento das suas amplas agulhas.
Curiosamente, esta doença pode ser introduzida por caminhantes que visitam o seu habitat — o que vem dar razão à decisão do governo australiano de o manter em segredo.
O “perigoso bolor aquático” não é nem bolor, nem aquático. Nem sequer é um fungo. Pertence a um grupo de organismos denominados oomicetos, existem no solo e infectam plantas como os sobreiros, as azinheiras ou os castanheiros. De facto os seus esporos são móveis e prpagam-se através da água de escorrência, mas nada disso tem a ver com o meio aquático.