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Desvendado mistério das cartas censuradas entre a rainha Maria Antonieta e o seu suposto amante

A natureza da relação entre a rainha Maria Antonieta e o conde sueco Axel de Fersen continua a intrigar os historiadores há mais de um século. Eram realmente amantes? Agora, graças a uma nova análise às cartas trocadas pelos dois, a balança já se inclina mais para um dos lados.

Um grupo de cientistas do Centro Nacional de Investigação estudaram as cartas trocadas pea consorte do rei Luís XVI de França e o conde sueco Axel de Fersen.

Publicado no final do século XIX por um sobrinho-neto de Axel de Fersen, as cartas descobriram a importância que teve na vida de Maria Antonieta, a que tentou salvar várias vezes da guilhotina. No entanto, as cartas foram censuradas e muitas passagens riscadas, escondendo o relacionamento íntimo que os unia.

As 15 cartas analisadas pela equipa do programa Rex II, financiadas pela Heritage Science Foundation e com o apoio do Arquivo Nacional, proprietário dessas missivas datadas em 1791 e 1792, passaram por dois processos que ajudaram a esclarecer o desconhecido.

As análises, iniciadas em 2014, foram abandonadas dois anos depois, quando descobriram que era necessário um processo mais inovador para ler as camadas da escrita – o texto e a parte oculta. A resposta veio com um scanner XRF 2 D que permite separar as diferentes tintas com base na presença de elementos metálicos, como cobre ou zinco, usados ​​na época.

“Pelo bem dos três, tenha muito cuidado com o que escreve“, escreveu a rainha numa cara em 1791, como se o marido estivesse prestes a descobrir uma das suas mensagens secretas.

“Eu não quero ser amarrado. Vê-la, amá-la e confortá-la é tudo que eu quero”, escreveu o conde à rainha em outubro de 1791, depois de rejeitar uma oferta do rei sueco para ficar ao seu lado. “Chorei porque você queria passar o inverno em Bruxelas”, disse a rainha noutra carta de setembro.

De acordo com uma especialista, em declarações ao jornal francês Le Monde, os trechos das cartas revelam aspetos desconhecidos da personalidade de Fersen, que, contra a sua reputação de homem moderado, “liberta a sua paixão com frases cheias de emoção que às vezes mostram ciúmes”.

No entanto, expressões e frases como “meu querido e terno amigo” ou “adeus, amo-te loucamente” não permitem concluir definitivamente que a rainha e o conde sueco tinham um relacionamento sentimental ou, pelo menos, carnal.

“Esses novos documentos não formam uma correspondência erótica, nem mesmo estritamente amorosa, pois nenhuma dessas cartas, escritas entre setembro de 1791 e janeiro de 1792, tem o amor como principal problema”, explicou Isabelle Aristide, curadora de Arquivos Nacionais da França.

“As passagens mostram uma clara proximidade, mas não prova de um relacionamento físico. São frases que, com a nossa visão atual, parecem claras para nós, mas não estão necessariamente comprometidas em chamar alguém de ‘meu querido e terno amigo'”, disse Anne Michelin, uma das investigadoras envolvidas no estudo, citada pelo jornal espanhol ABC.

O estudo revelou a identidade da pessoa que censurou e riscou as passagens nas cartas. De acordo com a hipótese do Centro Nacional de Investigação, foi o próprio conde Axel de Fersen quem ocultou essas passagens íntimas, possivelmente para não comprometer a honra da rainha.

Maria Antonieta era casada com o rei francês Luís XVI. Detestada pela corte francesa, Maria Antonieta também ganhou gradualmente a antipatia do povo, que a acusava de ser promíscua e de influenciar o marido a favor dos interesses austríacos. Quando Luís XVI foi deposto e a monarquia abolida em 21 de setembro de 1792, a família real foi presa na Torre do Templo. Nove meses após a execução do seu marido, Maria Antonieta foi julgada, condenada por traição e guilhotinada em 16 de outubro de 1793.

ZAP //

 

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