As células imunitárias do cérebro e do líquido cefalorraquidiano desregulam-se à medida que envelhecemos, ficando um pouco “zangadas”.
A razão pela qual o cérebro não pesa é porque está envolto num reservatório de líquido cefalorraquidiano (LCR), que flui dentro e à volta da medula espinal e do cérebro, protegendo-os de possíveis golpes. Ao mesmo tempo, fornece ao cérebro os nutrientes necessários e proteção imunitária, notou o Sci Tech Daily.
Um estudo da Northwestern Medicine sobre o LCR, publicado recentemente na Cell, descobriu o seu papel nas deficiências cognitivas, como é o caso da doença de Alzheimer. Esta análise fornece uma nova pista para o processo de neurodegeneração, indicou David Gate, autor principal do estudo.
Durante a investigação, a equipa descobriu que, à medida que as pessoas envelhecem, o seu sistema imunitário associado ao LCR vai ficando desregulado. Em pessoas com deficiência cognitiva, como o Alzheimer, o sistema imunitário ao nível do LCR é drasticamente diferente dos encontrados em indivíduos saudáveis.
“Temos agora um vislumbre do sistema imunitário do cérebro com um envelhecimento saudável e com neurodegeneração”, disse Gate, professor no Ken & Ruth Davee Department of Neurology at Northwestern University Feinberg School of Medicine.
“Este reservatório imunitário pode ser usado para tratar a inflamação do cérebro ou ser como diagnóstico para determinar o nível de inflamação cerebral em indivíduos com demência”, continuou.
Para analisar o LCR, a equipa utilizou a técnica de sequenciação de RNA unicelular. Traçaram o perfil de 59 sistemas imunitários a partir de um espetro de idades, tirando o LCR da espinha dos participantes e isolando as células imunitárias.
Numa primeira fase, analisaram o LCR de 45 indivíduos saudáveis, com idades compreendidas entre os 54 e os 83 anos. Na segunda fase, compararam os resultados com os obtidos em 14 adultos com deficiência cognitiva, estado determinado pela fraca pontuação em testes de memória.
A equipa observou alterações genéticas nas células imunitárias do LCR em indivíduos saudáveis com idade avançada, o que as tornava mais ativas e inflamadas.
“As células imunitárias parecem estar um pouco irritadas em indivíduos mais velhos. Pensamos que esta raiva pode tornar as células menos funcionais, resultando na desregulamentação do sistema imunitário do cérebro”, indicou o investigador.
No grupo de indivíduos com deficiência cognitiva, “as células T inflamadas clonoram-se e fluíram pelo LCR e para o cérebro como se estivessem a seguir um sinal de rádio”, explicou Gate.
Os investigadores constataram ainda que as células tinham uma superabundância de um recetor de células – o CXCR6 -, que atua como uma antena. Este recetor recebe um sinal – CXCL16 – das células degenerativa para entrar no cérebro.
“Pode ser o cérebro degenerado a ativar estas células e a fazer com que se clonem e circulem pelo cérebro”, indicou Gate. “Elas não pertencem a esse local e estamos a tentar perceber se contribuem para os danos no cérebro”, disse ainda.
O objetivo futuro da equipa é “bloquear esse sinal de rádio, ou inibir a antena de receber esse sinal do cérebro”.
“Queremos saber o que acontece quando essas células imunitárias são bloqueadas e impedidas de entrar nos cérebros com neurodegeneração”, continuou.
Em relação ao Alzheimer só há hipóteses, nada de certezas. O conhecimento desta doença está muito atrasado, a cura então nem se fala.