Museu colaborou com detetives profissionais para confirmar a verdadeira identidade da bailarina da nuvem cogumelo, que “captou a imaginação de uma geração e que se tornou um símbolo global da Era Atómica”.
Durante mais de duas décadas, a identidade da modelo por detrás da icónica fotografia “Miss Bomba Atómica” de 1957 foi um mistério, mas após 25 anos de investigação, o Museu Atómico revelou a verdadeira identidade da mulher que surge tão alegre na famosa fotografia.
Embora há muito se acreditasse que a modelo era uma mulher chamada Lee Merlin, a extensa investigação provou que “Lee Merlin” era um nome artístico e que a mulher por detrás da imagem era na verdade uma bailarina do Bronx, Nova Iorque, chamada Anna Lee Mahoney. Atuava em Las Vegas na altura da fotografia e foi ela quem posou de biquíni para o fotógrafo Don English no Sands Hotel, onde trabalhava, “decorada” com o desenho de uma nuvem em forma de cogumelo, a simbolizar os testes atómicos realizados a poucos quilómetros de distância, no deserto de Nevada.
Tornou-se um ícone cultural nos EUA, uma personificação do otimismo, medo e fascínio que rodeavam a energia atómica e a era da Guerra Fria. A história da famosa fotografia remonta a uma época em que Las Vegas estava no centro do turismo atómico. Na década de 1950, o governo dos EUA estava a realizar testes nucleares no deserto do Nevada, junto a Las Vegas, que pouco se preocupava com os perigos destes testes.
Las Vegas desempenhou um papel vibrante e único na Era Atómica e a “Miss Bomba Atómica” foi sempre um símbolo da história colorida dessa época”, afirmou Joseph Kent, diretor-adjunto e curador do Museu Atómico.
Os empresários capitalizaram os testes atómicos e deram aos turistas a oportunidade de assistir às explosões a uma distância segura. Como resultado, as imagens com temática atómica, incluindo símbolos de nuvens em forma de cogumelo, tornaram-se altamente populares, recorda o All That’s Interesting.
Durante este período, Don English, fotógrafo que trabalhava para o Las Vegas News Bureau, decidiu captar uma imagem que refletisse o espírito único da época. Pediu à dançarina local que fosse sua modelo para uma sessão fotográfica, durante a qual, de forma criativa, prendeu algodão ao seu fato de banho para que se assemelhasse a uma nuvem de cogumelo. A modelo,como é possível ver na foto, posou com os braços levantados e um sorriso alegre.
A fotografia seria publicada em 24 de maio de 1957 e tornar-se-ia uma das imagens mais marcantes da Era Atómica.
“A ‘Miss Bomba Atómica’ captou a imaginação de uma geração e tornou-se um símbolo global da Era Atómica”, disse o historiador e investigador Robert Friedrichs em comunicado do Museu Atómico: “colocar agora um nome e uma história no seu rosto é um tributo ao legado cultural duradouro dessa época extraordinária da história”.
A descoberta da sua identidade foi da autoria de Friedrichs, que com a ajuda com uma agência de detetives profissionais localizou o número da segurança social associado aos dois nomes — Lee Merlin e Anna Lee Mahoney —, ligando a mulher misteriosa à sua verdadeira identidade.
A informação foi confirmada mais tarde com registos de nascimento de Mahoney e à conversa com familiares vivos, que contaram que Anna Lee se tinha formado em ballet e dança moderna sob a orientação de Madame Bronislava Nijinska e que se mudou para a “cidade do pecado” em meados da década de 1950 para atuar no Sands Hotel.
Mahoney casou-se cinco anos após a sessão fotográfica e mudou-se para o Havai, onde trabalhou como conselheira de saúde mental. Na década de 1990, foi para a Califórnia e trabalhou para a Cabrillo College Foundation, angariando fundos para bolsas de estudo. Faleceu em 2001, vítima de cancro.
O Museu Atómico, em colaboração com os Arquivos de Las Vegas, irá inaugurar uma exposição especial dedicada à descoberta da sua identidade.