Ministra da Saúde chilena demite-se após polémica declaração sobre aborto

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pahowho / Flickr

A ex-ministra da saúde do Chile, Helia Molina

A ex-ministra da saúde do Chile, Helia Molina

A Presidente do Chile, Michelle Bachelet, aceitou, esta terça-feira, a demissão da titular da pasta da Saúde, Helia Molina, após polémicas declarações da ministra sobre o abordo, prática criminalizada no Chile.

Esta é a primeira renúncia de um ministro da Presidente chilena Michelle Bachelet desde que assumiu o cargo a 11 de março último.

As declarações da ministra chilena, que recebeu múltiplas demonstrações de apoio nas redes sociais, voltaram a reabrir o debate sobre o abordo no Chile.

“Muitas famílias conservadoras fizeram as suas filhas abortarem em todas as clínicas ‘cuicas’ [elegantes]. As pessoas com mais dinheiro não exigem leis porque têm os recursos”, afirmou Helia Molina, em entrevista ao diário La Segunda.

A renúncia ao cargo foi confirmada pelo porta-voz do Governo, Álvaro Elizalde.

“Devemos informar que a ministra Helia Molina apresentou a sua demissão para evitar polémicas artificiais que possam distrair o Governo da tarefa de melhor a saúde de todos e de todas”, disse.

O mesmo responsável acrescentou que a Presidente chilena, além de aceitar o pedido de demissão, manifestou o seu reconhecimento pelo contributo da agora ex-ministra e pela sua longa carreira profissional.

Helia Molina sublinhou, em declarações ao Canal 13 da televisão chilena, não se arrepender de nada do que tinha afirmado.

A 21 de maio, Bachelet anunciou um projeto para a descriminalização do aborto em três situações, incluindo violação sexual, mas, até ao momento, a iniciativa não avançou.

Segundo uma sondagem realizada pela empresa Adimark, em meados do ano, 71% dos chilenos mostrou-se a favor da aprovação de um projeto para descriminalizar o aborto nos casos propostos pelo Governo.

/Lusa

1 Comment

  1. A América Latina registou enormes avanços políticos, sociais e económicos nos últimos anos. Pode até falar-se de uma revolução.

    Infelizmente, na área do aborto, este continente continua muito agarrado às ideias conservadoras e fundamentalistas religiosas.

    Mas é preciso ter paciência. Com os avanços no nível de vida, na saúde e educação, a despenalização do aborto será uma consequência lógica, tal como aconteceu recentemente em Portugal.

    É um avanço civilizacional inevitável, por muito que haja Velhos do Restelo a zurrar ruidosamente contra. Mas não importa o que eles dizem, estão do lado errado da História.

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