Ministério britânico diz que enriquecer com a prostituição no estrangeiro “é fonte de prestígio na Nigéria”

O Ministério do Interior britânico (Home Office) está a ser criticado por ter incluindo nas linhas de orientação para os funcionários que lidam com pedidos de asilo uma indicação relativa a mulheres nigerianas. A mesma insinua que ter sido vítima de exploração sexual é algo visto como positivo na Nigéria.

Segundo o texto, citado pelo Expresso, as “mulheres traficadas que regressam da Europa, tendo enriquecido com a prostituição, gozam um elevado estatuto socio-económico e em geral não estão sujeitas a atitudes sociais negativas. São muitas vezes tidas em elevada conta, pois melhoraram as suas perspetivas de rendimento”.

Este parágrafo foi acrescentado há um mês, e assim que se tornou conhecido a reação foi instantânea. Organizações Não-Governamentais (ONG’s) e advogados de direitos humanos manifestaram indignação, lamentando que as autoridades “não confiem nas experiências de quem vive essas experiências”, conforme disse Kate Osomor, uma deputada trabalhista.

“Não há limites para o repúdio do Ministério do Interior. Só um departamento totalmente inadequado à sua função poderia insinuar que as mulheres devem estar agradecidas pela sua própria violação, escravatura e tráfico. Usar isto para desqualificar os seus pedidos de asilo é inacreditável”, escreveu no Twitter outro deputado, David Lammy.

O Ministério do Interior defendeu-se, dizendo: “Esta secção da avaliação de vítimas reais ou potenciais de tráfico na Nigéria baseia-se e reflete com precisão as conclusões de duas fontes credíveis – o Gabinete de Apoio ao Asilo na Europa e o Departamento de Negócios Estrangeiros australiano”.

Acrescentou que os factos de cada caso são objeto de consideração atenta, e garantiu que se uma mulher estiver em “risco sério” normalmente será protegida. Mas anunciou que as linhas de orientação vão ser reescritas, “à luz das preocupações” agora expressas.

TP, ZAP //

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