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Mini-cabras, espirros e o adeus do café. 15 efeitos inesperados do aquecimento global

Insónias, infertilidade e mais home runs são outros efeitos secundários menos populares da subida da temperatura no Planeta Azul.

E se o seu cão deixar de ser o seu melhor amigo? O que acontece se nós (e os vulcões) perdermos o sono?

Aqui ficam, segundo o Live Science, 15 dos efeitos mais inesperados do aquecimento global. Eis o que se avizinha — dos incêndios florestais à escuridão na Terra.

Mais horas de sono perdido

Confesse: é mais difícil dormir em noites de muito calor. Aliás, um estudo de 2022 concluiu que as pessoas adormecem mais tarde e acordam mais cedo em noites mais quentes.

Num cenário de emissões elevadas de carbono, os investigadores apontam para um aumento das horas perdidas de sono — se em 2010, cada um de nós perdia 44 horas de sono devido aos efeitos do aquecimento global, esse número irá aumentar em 14 horas no ano de 2100.

Primaveras longas trazem mais espirros

As primaveras trazem sempre mais pólen e com ela vêm mais alergias.

O aumento das temperaturas globais está a aumentar a duração desta estação do ano, com os níveis do pólen no ar a aumentar drasticamente, concluiu um estudo de 2021, publicado no Proceedings of the National Acadey of Sciences.

Cão que ladra, morde

Se os humanos já ficam mais irritados quando o calor aumenta, imagine-se os cães. Um novo estudo publicado na Nature prevê que o aumento da agressividade canina acompanhe a escalada da temperatura.

Analisando 70 mil ataques de cães, o estudo em questão concluiu que houve um aumento de 11% dos ataques em dias com radiação ultravioleta mais alta e de 4% em dias com maiores temperaturas.

Menos bebés?

Os dias mais quentes não parecem provocar uma queda no impulso sexual, mas talvez o provoquem na fertilidade.

Dias com temperaturas acima dos 26ºC estão ligados a quedas nas taxas de nascimentos, quando comparados aos dias de temperaturas compreendidas entre 15.6ºC e 21.1ºC.

Talvez o afetado pela subida da temperatura seja o próprio esperma — um estudo indica que este pode não nadar tão bem em dias de muito calor.

Voos mais turbulentos

A turbulência dos aviões comerciais também tem vindo a aumentar drasticamente e o motivo rege-se muito possivelmente às alterações climáticas.

Num estudo recente, verificou-se que a turbulência severa aumentou 55% de 1979 a 2020. Já os níveis de turbulência moderada aumentaram 37%.

O ar mais quente é responsável pelas mudanças mais repentinas de direção e velocidade do vento, dizem os investigadores.

O adeus do café?

É melhor habituar-se a um mundo sem café, porque as previsões não o vão arrebitar como a bebida.

Estudos recentes sugerem que as mudanças climáticas vão diminuir para metade a produção de café em 2050 nas áreas mais propícias à cultura do grão — Brasil, Vietname, Indonésia e Colômbia.

Mais home runs no basebol

Menos denso — logo, mais leve — o ar quente potencia a maior frequência do home run, o maior feito possível num jogo de basebol, atingido quando o rebatedor pisa todas as bases e termina na base inicial antes de a equipa adversária tomar posse da bola.

As bolas de basebol parecem mesmo voar mais longe em dias mais quentes. Um estudo aponta para um aumento de 10% dos home runs da Major League Baseball (MLS) nos próximos 80 anos graças às ondas de calor. A solução para manter a integridade do desporto? Jogos noturnos.

Cabras estão a encolher

O alerta veio dos alpes italianos e era mesmo verdade — a cabra-montesa está cada vez mais pequena.

Por causa do calor na região — que entre 1979 e 2010 aumentou cerca de 1ºC — estes animais passam mais tempo a descansar do que a alimentar-se, o que terá provocado uma redução de 25% do seu tamanho durante este período, segundo estudo publicado na Frontiers, em 2014. Mas estas cabras não são caso único.

As rãs também vão encolher… e coaxar mais alto

Nas zonas mais quentes das bases das montanhas porto-riquenhas, os machos das rãs Eleutherodactylus coqui, endémicas da região, estão a elevar cada vez mais o seu tom e vão encolher com o calor.

Um estudo de maio provou-o. Investigadores perceberam que estas rãs “cantavam” mais alto do que aquelas que viviam em maiores altitudes, onde está mais fresco. Quando voltaram ao local, 20 anos depois, as rãs já coaxavam todas num tom mais elevado, independentemente da sua localização.

Mudanças de sexo

Na Austrália, as mudanças climáticas parecem estar a provocar outras mudanças…

Ao ver os seus ovos serem influenciados pela temperatura do ambiente — num cenário em que temperaturas mais elevadas estão ligadas a mais fêmeas — o dragão-barbudo está a sofrer mudanças de sexo.

11 de 131 lagartos capturados tinham cromossomas masculinos mas, em condições quentes de incubação, desenvolveram cromossomas femininos e foram capazes de pôr ovos, verificou um estudo de 2015.

Múmias cada vez mais “mortas”

Daderot / Wikimedia

Os crescentes níveis de humidade têm aumentado o número de bactérias em algumas das múmias mais antigas do mundo, como é o caso das múmias da cultura Chinchorro que, apesar de preservadas durante sete mil anos no Deserto de Atacama, já começaram a degradar-se em museus.

Esta alteração faz com que estas múmias pareçam…mortas, adquirindo uma cor preta, muito escura, como verificou um relatório de Harvard.

Raios, que calor!

Mais incêndios florestais é uma das primeiras consequências que vêm à cabeça quando pensamos em aquecimento global, mas um estudo de fevereiro determina que há uma ocorrência específica que pode desencadear este aumento de fogos.

“Relâmpagos de longa duração” são o tipo de relâmpagos que mais provocam incêndios florestais, dizem os investigadores, que explicam que estes serão 10% mais comuns a cada subida de 1ºC na temperatura. Fazendo as contas, estes números podem atingir aumentos de 40% no final do século.

Bem vindos de volta, vulcões

(dr) USGS

Vulcão Mauna Loa

Atualmente cobertos de gelo, milhares de vulcões vão “acordar” à medida que o gelo derrete cada vez mais depressa devido à subida das temperaturas.

As pedras quentes e o magma vão ser a origem de violentas e frequentes explosões, uma vez que o desaparecimento do gelo reduz a pressão no magma, permitindo a formação de bolhas no seu interior. Estas bolhas pressionam a crosta da Terra e o líquido fundido explode.

Árvores mais “rápidas”

Na Europa Central, as árvores parecem estar a crescer mais rápido devido aos maiores níveis de dióxido de carbono no ar, que permite às plantas a produção de açúcar e oxigénio.

Em 2010, a Pícea-europeia e a faia cresciam mais de duas vezes mais rápido do que em 1960, dizem investigadores em estudo publicado na Nature.

Escuridão na Terra

NASA Ames / JPL-Caltech / T. Pyle

Sim, é verdade — o planeta está cada vez mais escuro.

Entre 1998 e 2017, verifica-se que a quantidade de luz solar refletida das nuvens baixas da Terra para a Lua tem sido reduzida pelo aumento da temperatura dos oceanos.

E pior: visto que o fenómeno faz com que mais energia luminosa fique retida no planeta, pode aumentar ainda mais os efeitos do aquecimento global.

Tomás Guimarães, ZAP //

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