As Forças Armadas portuguesas estão a reclamar mais verbas para a Defesa no Orçamento de Estado de 2022, que prevê menos 800 mil euros para o setor em comparação com a proposta de 2021.
Em declarações à CNN Portugal, as associações queixam-se de forças “de salário mínimo” e cada vez mais desgastadas devido às idades avançadas dos militares e de instalações com instalações degradadas, algumas sem terem água ou eletricidade.
O Sargento-Mor António Lima Coelho, presidente da Associação Nacional de Sargentos, acredita que o estado das instalações reflete a falta de planeamento do Governo. “Vemos camaratas que antes tinham entre 100 e 200 homens e hoje têm 30 a 40 e, obviamente, há uma parte delas que vai ficando degradada”, exemplifica.
Os militares também estão preocupados com a Base Naval de Lisboa, que dizem ter as janelas partidas e portas arrebentadas e denunciam que há apenas quatro pessoas a trabalhar nas secretarias, com funções pensadas para oito pessoas.
No caso da Força Aérea, faltam peças sobressalentes e há poucos aviões para as necessidades operacionais. “Vê-se muita dificuldade na resposta pronta dos meios aéreos e também dos navais, com o abate de determinados navios sem a sua substituição”, afirma o presidente da Associação Nacional de Sargentos.
O General José Luiz Pinto Ramalho aponta a reforma “Defesa 2020”, iniciada em 2013, como a culpada, por impor um limite de 32 mil militares no efetivo. O Cabo-Mor Paulo Amaral explica que esta restrição levou a que hoje “tenhamos menos 4 mil militares do que era previsto”, uma tendência de quebra que deve agravar-se.
As forças reclamam também da estagnação salarial, com diferenças cada vez menores entre quem acabou de entrar na carreira e quem está a servir há anos. “Temos militares que prestam serviço há quatro anos e que apenas ganham mais sessenta, oitenta euros do que os que acabaram de entrar, a continuarmos assim, estamos a caminhar a passos largos para umas Forças Armadas de Salário Mínimo nacional”, critica Paulo Amaral.