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A milionária Yupido só tem 35 mil euros em dinheiro

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(dv) Yupido

Yupido, a empresa mistério com um capital de quase 29 mil milhões de euros

A empresa com o maior capital social em Portugal, afinal, tem apenas 35 mil euros de capital em dinheiro. O restante dos 28,8 mil milhões de euros que levam a Yupido a valer mais do que a EDP e a Galp juntas respeita a bens intangíveis, designadamente software.

O Observador apurou que dos 28,8 mil milhões de euros de capital registados pela empresa somente 35 mil euros correspondem a depósitos em dinheiro. O restante do valor que torna a Yupido na empresa com o maior capital social em Portugal, superando a EDP e a Galp juntas, corresponde a um software e a uma plataforma de média.

Em 2015, quando a empresa foi criada, a primeira avaliação de 243 milhões de euros respeitava a um “activo intangível”, um “software de gestão para empresas que funciona em multiplataforma”, de acordo com o relatório do revisor oficial de contas citado pelo jornal online.

Nessa altura, os accionistas da empresa avançaram apenas com 35 mil euros em dinheiro – Cláudia Alves, a vice-presidente, contribuiu com dez mil euros, o presidente Torcato Jorge adicionou mais dez mil e o director criativo Filipe Besugo avançou com 15 mil euros.

Nos meses que se seguiram, a Yupido valorizou em mais de cem vezes graças aos activos intangíveis.

A situação causa tanta estranheza que o Ministério Público e a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) estão a investigar o caso.

O mistério em torno da peculiar empresa já chegou a Espanha, onde o El País a define como “a maior empresa de Portugal que não tem empregados” e que não “faz nada, mas anuncia serviços para milhares de milhões de pessoas”.

O jornal espanhol também realça que o capital social da Yupido equivale a 15% do PIB português, embora apresente prejuízos de 21 mil euros e não revele quaisquer vendas.

“Isto não é uma empresa fantasma. Nós existimos”

Entretanto, o porta-voz da Yupido, Francisco Mendes, assegura ao site Eco que não se trata de “uma empresa fantasma”. “Nós existimos”, sustenta.

“Já comunicámos à PJ, enviámos um email e vamos enviar também uma carta registada, a disponibilizarmo-nos para esclarecer qualquer assunto que a PJ possa ter”, frisa ainda Francisco Mendes, realçando que, para a Yupido, “também é fundamental esclarecer” que a empresa não tem “rigorosamente nada” com que se “preocupar”.

“Foi tudo feito dentro da regularidade e não cometemos nenhum crime”, conclui.

O Jornal de Notícias apurou ainda que a vice-presidente da empresa, detentora de acções avaliadas em 20 mil milhões de euros, nem sequer detém um carro próprio, recorrendo a transportes emprestados.

O JN ouviu vários conhecidas de Cláudia Alves que alegam que a ‘vice’ nunca revelou sinais exteriores de riqueza.

O diário também refere que a empresária “costuma utilizar números de telemóvel diferentes quando pretende contactar alguém”.

“Ela é uma pessoa à parte: a família nunca soube o que ela fazia, e ela nem admite que lhe perguntem. Aparentemente, trabalhava numa empresa de Recursos Humanos”, refere uma fonte citada pelo JN.

ZAP //

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9 Comments

  1. Só podemos concluir o seguinte.
    Ou é uma empresa de branqueamento de capitais (em que os donos são uns grandes mafiosos com as “costas” bem guardadas.
    Ou esta empresa pertence a uns “esquizofrénico” que se limitaram a declarar fantasias conpletamente irrealistas
    Só espero que este assunto seja esclarecido rapidamente, se não, será mais uma tolice em Portugal para ainda descredibilizar o pais…

    • Há ainda a possibilidade de quererem sacar “venture capital” a gente com mais dinheiro do que neurónios, uma alternativa também não muito simpática…

      • É verdade. Tem razão
        Essa poderia ser de facto uma hipótese. Mas honestamente, em Portugal… Não pega.
        Quem é que acreditaria nisso com a economia que o pais tem?
        Se fosse nos EUA, provavelmente seria um bom “esquema” para enganar alguém. Aqui em Portugal só uns”idiotas” é que teriam essa ideia.
        Bem visto!

    • Mas o caro Alves tem alguma dúvida do que se passa nesta empresa? Posso assegurar-lhe que mesmo não a conhecendo sei perfeitamente o que foi feito e não envolve qualquer esquema de branqueamento de capitais. É apenas contabilidade criativa… e estúpida. Nada mais. Gente com pouco senso.

      • É possível.
        Mas o “artista” do contabilista não é lá muito esperto.
        Ao menos utilizava valores mais credíveis.
        Assim não dava tanto nas vistas!

    • Caro Daniel,
      A valorização em causa é a do capital social (de 243 para 28800 milhões), que é de 118 vezes, e não do “valor realizado em dinheiro”, que não faz sentido considerar na avaliação da valorização da empresa.

  2. Se são inatingiveis não se sabe, mas tem de se ver se têm de pagar impostos, quanto e o que têm de liquidar se não o fizeram até à data.

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