Quase 15 mil sauditas assinaram uma petição que pede o fim do sistema de tutela dos homens sobre as mulheres, que as obriga a pedir autorização para estudar, trabalhar ou sair do país.
A petição, dirigida ao rei Salman, pede que as mulheres sejam tratadas “como cidadãos de pleno direito” e que seja definida “uma idade a partir da qual elas sejam consideradas adultas e responsáveis pelos seus atos”, explicou à agência France-Presse a ativista Aziza Al-Yousef.
Yousef, professora universitária jubilada, disse ter tentado, sem êxito, entregar a petição no gabinete real na segunda-feira – e vai agora enviá-la por correio eletrónico, como pedido.
“Este não é um problema exclusivo de mulheres, também está a colocar pressão nos homens“, afirmou ao jornal The Guardian.
A campanha foi motivada pela divulgação de um relatório da Human Rights Watch, em julho, e tem sido partilhada na Internet através da hashtag #IAmMyOwnGuardian (sou a minha própria guardiã).
A Arábia Saudita concordou em abolir o sistema de tutela duas vezes, em 2009 e 2013, facilitando o acesso ao emprego e permitindo que as mulheres pudessem votar e ser eleitas para eleições autárquicas.
No entanto, as medidas continuaram a ser limitadas e a manter as mulheres muito dependentes dos homens.
De acordo com Hamid Khan, um especialista da Universidade da Carolina do Sul, vários membros da família real saudita apoiam a alteração do sistema de tutela.
“Muitos na família real acham que a medida atual é um pouco cansativa”, disse Khan.
O sistema de tutela atual determina que a mulher tenha de ter autorização de um guardião – um parente do sexo masculino como o pai, irmão, marido ou, no caso das viúvas, um filho – para estudar, trabalhar, abrir uma conta bancária, casar, submeter-se a determinados procedimentos médicos ou viajar.
A Arábia Saudita é um dos países do mundo que mais restrições impõem às mulheres e é o único onde estão proibidas de conduzir.
BZR, ZAP /Lusa