Mais de 8.700 pessoas intentaram uma ação contra o diário japonês Asahi pelos artigos sobre as escravas sexuais na II Guerra Mundial, exigindo uma indemnização por ter “difundido dados errados à comunidade internacional”, informa esta terça-feira o jornal Mainichi.
Segundo a acusação, apresentada esta segunda-feira junto do Tribunal do Distrito de Tóquio, os demandantes, em que se incluem investigadores, jornalistas e deputados, exigem ao Asahi uma indemnização de dez mil ienes (75 euros) por pessoa, considerando que o jornal “causou danos ao direito individual e à honra dos japoneses”.
Mais pessoas planeiam juntar-se à ação, pelo que se espera que, no futuro, o número de demandantes ronde os 13 mil, disse um porta-voz do grupo à agência noticiosa japonesa Kyodo.
A ação tem lugar depois de um pedido de desculpa apresentado pelo jornal em agosto último por causa de uma série de reportagens, publicadas há décadas e aparentemente assentes em falsos testemunhos, sobre o recrutamento de mulheres na ilha coreana de Jeju para servirem como escravas sexuais do exército nipónico durante a II Guerra Mundial.
Os demandantes criticaram o jornal dizendo que o “Asahi simplesmente pediu desculpa aos leitores, não fazendo qualquer tipo de esforço para restabelecer a honra pública [das japonesas] diante da comunidade internacional”.
Shoichi Watanabe, professor emérito da Universidade Sophia de Tóquio, que lidera o grupo, afirmou em conferência de imprensa sentir-se “enojado” com o jornal por fazer os japoneses se envergonharem. Um membro do jornal disse que a empresa vai analisar de que forma irá lidar com o assunto após ler, em profundidade, a denúncia.
Cerca de 200 mil mulheres, incluindo adolescentes, foram recrutadas, à força, na Coreia e na China durante a II Guerra Mundial (1939-1945) pelo exército japonês para proporcionar serviços sexuais aos soldados sob o eufemismo de “mulheres de conforto“, um episódio histórico que hoje continua a ser um tema sensível nas relações entre o Japão e os dois vizinhos.
Em 1993, o Japão admitiu a sua responsabilidade com a “declaração Kono”, do nome do secretário-geral do governo da época, apresentando “as desculpas e os remorsos” do país, após ter negado durante anos a existência desse sistema de escravidão sexual.
Contudo, continuam a existir movimentos que sustentam – como a ação apresentada – que “não há provas de que as autoridades japonesas tomaram as ‘mulheres de conforto’ à força”.
/Lusa
Não há provas? Vão lá perguntar aos chineses e aos coreanos!