O presidente argentino Javier Milei transformou a agência de notícias oficial Télam numa agência de publicidade, que fica dependente da chefia do governo.
O Governo argentino oficializou, esta segunda-feira, o encerramento da Télam e a transformação desta numa agência estatal de publicidade e propaganda.
A Télam “deixará de operar, como tem feito desde a criação, em serviços jornalísticos e como agência de imprensa”, lê-se no boletim oficial.
A partir de agora, a agência fundada em 1945 “vai centrar as atividades na nova orientação estratégica da empresa, que consiste em operar como agência de publicidade e propaganda”.
A nova Agência de Publicidade do Estado (Agencia de Publicidad del Estado – APE) vai ser responsável pelo “desenvolvimento, produção, comercialização e distribuição de material publicitário nacional e/ou internacional”, de acordo com o texto.
O governo de Milei decretou em fevereiro a intervenção na Télam e em março fechou as redações e bloqueou o acesso aos edifícios da agência pública em Buenos Aires.
Além disso, o presidente argentino incentivou as saídas voluntárias, que já foram aceites por 340 dos 770 empregados. Os que não aceitaram a proposta de saída estão há 118 dias acampados à porta da sede da que até hoje era a agência noticiosa estatal argentina.
Fim da Télam
Milei alegou que a agência tem sido “usada nas últimas décadas como uma agência de propaganda kirchnerista“, em referência à ex-presidente peronista (centro-esquerda) Cristina Kirchner.
“Continuamos a nossa luta para defender os empregos e o papel social dos meios de comunicação públicos, que este Governo pretende destruir“, reagiram, num comunicado de imprensa, o sindicato da imprensa de Buenos Aires (SiPreBA, na sigla espanhola) e um grupo de funcionários da Télam.
Fundada em 1945 pelo antigo presidente Juan Domingo Perón, então secretário do Trabalho e Previdência Social, a Télam empregava 700 pessoas e distribuía diariamente cerca de 500 notícias nacionais, 200 fotografias e ainda conteúdo de vídeo e rádio.
Em 2018, a presidência liberal de Mauricio Macri despediu cerca de 40% dos funcionários da Télam, mas os tribunais ordenaram posteriormente a reintegração da maioria.
A Agência de Publicidade do Estado vai operar como agência de publicidade e propaganda, o que significa, elaborar, produzir, comercializar e distribuir material publicitário nacional e internacional, tanto na Argentina como no estrangeiro.
O poder executivo vai exercer, através do vice-chefe do Gabinete de Ministros, os direitos societários que correspondam ao Estado pela sua participação no capital da nova agência de publicidade.
A Télam vai transferir para meios públicos ou para terceiros os serviços jornalísticos e de agência noticiosa, os funcionários, os ativos móveis e fixos, as marcas, os registos, as patentes e todo e qualquer bem imaterial, bem como todos os que estejam afetados a serviços jornalísticos e de agência noticiosa.
ZAP // Lusa