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Dentro de um microondas, as uvas cospem plasma (e os cientistas já sabem porquê)

Um dos vídeos mais intrigantes presenteou a Internet com uma uva, cortada ao meio, a arder dentro de um microondas. Agora, três físicos desmistificaram este fenómeno.

O estudo, recentemente publicado na PNAS, contradiz a teoria popular que afirma que as uvas criam plasma porque a energia no microondas carrega eletrólitos com muita água. Esta hipótese, entretanto confrontada, apontava que era criado um fluxo de energia entre os pedaços de fruta.

Na prática, era criada uma ponte de força que viajava através da casca, como um fio elétrico. Quando se acumulava energia suficiente, o plasma – gás ionizado que emite luz – era gerado entre as uvas.

No entanto, nesta nova investigação, os físicos chegaram à conclusão que, afinal, essa ponte não é necessária, uma vez que se as uvas não estivessem separadas por mais de três milímetros, era igualmente criada uma erupção muito semelhante.

Aliás, nem mesmo a casca, que (supostamente) carrega toda essa energia, é indispensável. Se a fruta for substituída por duas esferas de hidrogel sem pele, o mesmo fenómeno de faíscas reluzentes é observado.

Mas, afinal, por que cospem as uvas plasma quando entram no misterioso mundo encantado do microondas? Não é magia, é física. Na verdade, referem os cientistas, este fenómeno acontece com praticamente qualquer substituição esférica, ainda para mais se esta for aguada – tal como as metades de uva.

“Observar um pedaço de fruta a explodir em chamas no microondas é emocionante e memorável. No entanto, concentramos demasiada atenção no plasma e não na fonte da fagulha”, explicaram os cientistas envolvidos neste estudo.

Os especialistas decidiram então combinar imagens térmicas com simulações de computador, fazendo com que a nova pesquisa centrasse as atenção naquilo que os olhos humanos não conseguem observar.

Desta forma, as descobertas acabaram por revelar que, quando duas uvas inteiras estão próximas dentro de um microondas, é criado um tipo de vínculo que, por sua vez, resulta num ponto de energia em que ambas se ligam. No momento exato em que isso acontece, os cientistas conseguem registar maiores temperaturas e distribuições energéticas.

Khattak et al. / PNAS

Análise da temperatura das uvas no microondas

Isto significa que a energia do microondas não se acumula dentro da uva. Em vez disso, a energia é direcionada de ambos os pedaços para o mesmo local, formando assim um campo eletromagnético entre eles.

Uma vez que este campo eletromagnético se baseia inteiramente em energia, ele sobrecarrega os eletrólitos próximos, fazendo com que um jato de plasma seja projetado para o ar. “A absorção de microondas pela água serve para suprimir mecanismos internos e permitir que pontos quentes se formem numa determinada faixa“, explicaram os cientistas, citados pelo Live Science.

As fagulhas que emergem da uva, que durante duas décadas foram tratadas como uma brincadeira mal explicada da Internet, têm agora uma explicação. Mas, para bem do seu microondas, não tente esta experiência em casa.

ZAP //

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