Micróbios viciados em açúcar podem ajudar a alimentar os carros do futuro

Cientistas conseguiram transformar glicose em olefinas, uma molécula usada na produção de gasolina. Tudo graças a bactérias de E. coli.

Embora pareça algo saído de um livro de alquimia do século XVII, a verdade é que uma equipa de cientistas conseguiu transformar açúcar em hidrocarbonetos encontrados na gasolina.

Investigadores da Universidade de Buffalo e da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, transformaram glicose em olefinas — um tipo de hidrocarboneto e um dos vários tipos de moléculas que compõem a gasolina, escreve o portal Phys.

O processo que a equipa desenvolveu pode vir a ser ajustado para gerar outros tipos de hidrocarbonetos, incluindo alguns dos outros componentes da gasolina.

O fabrico de combustíveis não é a única aplicação possível. As olefinas também são usadas em lubrificantes industriais e em alguns plásticos.

Para conseguir transformar glicose em hicrocarbonetos, as autoras do estudo publicado na revista Nature Chemistry começaram por dar glicose a estirpes de E. coli que não representam um perigo para a saúde humana.

“Estes micróbios são viciados em açúcar”, disse a coautora Zhen Wang, “ainda piores do que os nossos filhos”.

As estirpes de E. coli usadas nesta experiência foram geneticamente modificadas. À medida que as bactérias consumiam a glicose, começavam a produzir ácidos gordos.

Depois, as autoras usaram um catalisador para retirar as partes indesejadas dos ácidos gordos, gerando o produto final.

“Combinamos o que a biologia pode fazer de melhor com o que a química pode fazer de melhor, e colocamo-los juntos para criar este processo de duas etapas”, disse Wang. “Usando este método, fomos capazes de fazer olefinas diretamente a partir da glicose”.

Produzir biocombustíveis através de glicose tem um grande potencial para o desenvolvimento da tecnologia de energia verde. Isto porque a glicose é produzida por plantas durante a fotossíntese.

Atualmente, são necessárias 100 moléculas de glicose para produzir cerca de oito moléculas de olefina. No entanto, Wang pretende melhorar o processo para conseguir um melhor aproveitamento da glicose.

Daniel Costa, ZAP //

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