Determinados micróbios podem se desenvolver e produzir metano a partir de dióxido de carbono e hidrogénio sob as condições extrapoláveis em Encelado, a sexta maior lua de Saturno.
Na pesquisa publicada esta terça-feira na revista Nature, uma equipa da Universidade de Viena, na Áustria, sugere que uma quantidade suficiente de hidrogénio que apoie o desenvolvimento dos micróbios poderia, potencialmente, ser produzida mediante reações geoquímicas que poderiam acontecer no núcleo rochoso de Encelado.
A comunidade científica baseia-se no satélite Encelado para procurar vida extraterrestre, já que esta abriga um oceano sob a sua crosta congelada. Além disso, possui vários componentes como o metano, o dióxido de carbono, o amoníaco e o hidrogénio molecular, que podem ser produzidos ou usados por micro-organismo.
Especula-se, segundo indica a publicação científica, que os micro-organismos conhecidos como Archaea poderiam ser desenvolvidos sob as condições presumidas em Encelado, empregando dióxido de carbono e hidrogénio molecular para o crescimento, libertando metano.
Um dos autores do estudo, o Simon Rittmann, da Universidade de Viena, e uma equipa de cientistas, cultivaram três destes micro-organismos em laboratório, sob composições de gás e pressões parecidas com as atribuídas a Encelado.
Um dos micróbios, o Methanothermococcus Okinawensis, cresceu e produziu metano, inclusive na presença de componentes que inibiam o crescimento de outros Archae, como o amoníaco, o monóxido de carbono e o metanal.
Além disso, foi possível notar que a serpentinização – um processo no qual as rochas são alteradas de forma geoquímica – que possivelmente é produzida no núcleo de Encelado, poderia gerar hidrogénio suficiente para respaldar aos micróbios metanogénicos.
Estes resultados apoiam a ideia de que micro-organismos como o Archaea poderiam, em teoria, ser desenvolvidas e produzir metano em Encelado. Os especialistas também advertem que o metano também pode ser gerado por processos geoquímicos, e não biológicos.
Os autores sugerem que vale a pena investigar mais alguma marca química de produção de metano biológico e vida microbial em Encelado.
ZAP // EFE / Hypescience