O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, afirmou esta quinta-feira que o seu antecessor na Presidência do Brasil Michel Temer foi preso devido a acordos políticos em nome da governabilidade.
Em viagem ao Chile, Jair Bolsonaro comentou a prisão do ex-chefe de Estado, acrescentando “que a Justiça nasceu para todos e que cada um é responsável pelos seus atos“, de acordo com a mesma fonte.
Segundo o portal de notícias G1, também o vice-presidente do Brasil, general Hamilton Mourão, se manifestou acerca do caso, afirmando que “é muito mau para o país ter um ex-Presidente preso“, acrescentando que “agora seguem as investigações”.
O “número dois” de Jair Bolsonaro também afirmou que a prisão de Temer não deve atrapalhar as votações no Congresso que são de interesse do Governo atual.
Outro membro do atual executivo, o senador Major Olímpio, líder do governo Bolsonaro na câmara alta parlamentar, declarou no Twitter que “a Justiça será para todos”.
“O Brasil está a mudar, a Justiça será para todos! Grande expetativa para o povo brasileiro, estamos no caminho certo! O Brasil será passado a limpo, cadeia para todos aqueles que dilapidaram o património público brasileiro e envergonharam a política e o nosso povo“, escreveu.
A ex-candidata presidencial brasileira Marina Silva afirmou esta quinta-feira estaque a prisão de Michel Temer significa que “ninguém é imune à Lei”, acrescentando que o combate à corrupção no país deve continuar.
“A prisão do ex-presidente Temer sinaliza que todos os que praticaram corrupção têm que ser exemplarmente punidos pela Justiça. Na República, ninguém é imune à Lei. As operações de combate à corrupção precisam de continuar a desmontar todos os esquemas criminosos de assalto ao Estado”, escreveu no Twitter.
Também Ciro Gomes, ex-candidato às presidenciais do ano passado, se manifestou, com a publicação de uma entrevista que o próprio concedeu ao Correio Braziliense em 2018, onde afirmou que Temer seria o próximo político a ir para a cadeia: “Não é bola de cristal. É conhecer essa gente”, escreveu, também no Twitter.
Ao rol dos ex-candidatos derrotados nas eleições presidenciais do Brasil que comentaram a prisão do antigo governante, junta-se também Álvaro Dias, que classificou a detenção como “triste mas necessária”. “É muito triste, mas é necessário e estava previsto. Isso mostra também, ao contrário do que alguns imaginaram, que a operação Lava Jato está muito viva, presente, eficiente e assim é que deve continuar”, declarou o também senador.
Já Guilherme Boulos escreveu no Twitter que “Temer é um bandido, que já deveria estar preso há tempos. Existem provas contundentes contra ele, não meras convicções. Esperamos apenas que sua prisão não sirva para fortalecer xerifes de toga, que se consideram acima da lei, nem para desviar da crise do desgoverno de Bolsonaro”.
A Polícia Federal brasileira deteve na manhã desta quinta-feira Michel Temer e tenta cumprir outros mandados contra aliados do antigo Presidente brasileiro, numa ação a pedido dos investigadores da Operação Lava Jato do Rio de Janeiro.
Michel Temer, o segundo ex-Presidente brasileiro a ser detido no espaço de um ano – o primeiro foi Lula da Silva, que cumpre pena de prisão -, está a ser investigado em vários casos ligados àquela que é considerada a maior operação de combate à corrupção na história do Brasil e que revelou um escândalo de grandes proporções de desvio de fundos da empresa petrolífera estatal Petrobras.
Em causa estão denúncias do empresário e dono da Engevix, José Antunes Sobrinho, que disse à Polícia Federal ter pagado um milhão de reais em subornos a pedido do coronel João Baptista Lima Filho (amigo de Temer), do ex-ministro Moreira Franco e com o conhecimento do Presidente Michel Temer. Desde o seu lançamento, em março de 2014, a chamada investigação Lava Jato levou à prisão empresários e políticos, incluindo o ex-Presidente Lula da Silva.
Durante o mandato presidencial, o Ministério Público pediu por duas vezes ao Supremo Tribunal a abertura de processos por corrupção contra Temer, mas o Congresso brasileiro negou sempre autorizar os procedimentos necessários. Todas as acusações ficaram pendentes do fim da imunidade de Michel Temer, o que aconteceu quando deixou a Presidência da República do Brasil no final de 2018, após dois anos e meio de mandato.
ZAP // Lusa
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