Novo método permite monitorizar o cancro da bexiga através da urina

Uma equipa internacional de cientistas liderada pelo português Hugo Santos, da Universidade Nova de Lisboa (UNL), desenvolveu um método de monitorização do cancro da bexiga mais cómodo e menos dispendioso, a partir de uma análise à urina.

O método, que consiste na análise de proteínas expressas na urina de doentes com cancro da bexiga, “permite perceber como o tumor está a evoluir e, se necessário, ajustar a terapia”, disse à agência Lusa o bioquímico Hugo Santos, da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da UNL, onde o trabalho foi realizado em colaboração com o Hospital de São José, em Lisboa, e instituições de Espanha e Estados Unidos.

Segundo Hugo Santos, coordenador do trabalho, este método, descrito num artigo publicado na revista da especialidade Communications Medicine, é mais cómodo para doentes, menos dispendioso para hospitais e é rápido e preciso.

Atualmente, o diagnóstico e a vigilância do cancro da bexiga são feitos através de uma cistoscopia, um exame endoscópico da bexiga “no qual é inserido um cistoscópio” (instrumento óptico) “pela uretra que permite examinar diretamente o interior da bexiga e, se necessário, remover o tumor”, explicou Hugo Santos.

“Sendo um método muito invasivo, que requer anestesia, é também muito dispendioso para seguir um paciente de três em três meses”, continuou.

A técnica estudada possibilita, de acordo com o investigador, “identificar e quantificar milhares de proteínas numa única análise” a uma amostra de urina, permitindo perceber quais os marcadores biológicos envolvidos “no desenvolvimento e progressão do cancro da bexiga, identificar alvos terapêuticos potenciais e desenvolver novas estratégias de tratamento”.

Para o estudo foram recolhidas amostras de urina de doentes, com ou sem reincidência de cancro da bexiga, que estavam a ser seguidos no Hospital de São José. As amostras de urina foram colhidas antes de os doentes serem submetidos a uma cistoscopia e os resultados obtidos (se houve ou não progressão da doença) foram comparados com os resultados de diagnóstico e de análise laboratorial patológica.

Citado em comunicado da FCT/UNL, Hugo Santos realçou que os doentes foram monitorizados “com êxito”. “Desta forma, é possível acompanhar o percurso individual da doença e, por isso, identificar quais são os doentes que realmente precisam de abordagens mais invasivas como a cistoscopia”, sublinhou.

O investigador adiantou à Lusa que a sua equipa pretende estender o método testado a outros tipos de cancro, como o renal e o da próstata, e procura apoios financeiros para que possa ser utilizado em clínicas e hospitais.

O projeto, batizado com a designação Health2You, contou com a participação de investigadores do Centro Médico da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, e das universidades de Vigo e Valladolid, ambas em Espanha.

Lusa //

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