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Mais de dois milhões de pessoas em Portugal trabalham ao sábado; e mais de um milhão exerce atividade ao domingo ou pela noite dentro. A médio e longo prazo, são os próprios trabalhadores que acabam por pagar a fatura.
A pandemia da covid-19 implementou, no mundo laboral, novas formas, hábitos e rotinas de trabalho – uma dessas coisas que se tornaram mais expressivas foi o trabalho fora de horas.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), citados pelo Expresso, em 2024, quase metade (47%) dos trabalhadores em Portugal tinham essa prática.
No final do ano passado, mais de dois milhões de trabalhadores em Portugal exerciam atividade ao sábado e mais de um milhão faziam-no ao domingo ou ao serão (entre as 20h e as 24h).
Como detalha o semanário, o número de profissionais a trabalhar ao sábado subiu 14% em 10 anos; enquanto os que trabalham ao serão e durante a noite aumentaram 11% e 9%, respetivamente.
E ainda pagam por isso
Segundo especialistas, poucos são os benefícios do trabalho fora de horas – no limite, a médio longo e prazo ainda serão os trabalhadores a pagar por isso.
Ao Expresso, a psicóloga Tânia Gaspar, coordenadora do Laboratório Português dos Ambientes de Trabalho Saudáveis refere que o aumento do número de profissionais com horário de trabalho atípico “é percetível em contexto clínico”.
A especialista em psicologia laboral alerta que “alguém que sustenta a sua rotina laboral neste tipo de horários aos 30/40 anos, dificilmente chegará bem aos 60 anos”.
Por um lado, “sabe-se que estas rotinas podem ser benéficas sob o ponto de vista da conciliação para alguns profissionais”. Por outro, “o trabalho em horários irregulares tem efeitos cumulativos“, alerta.
Segundo o INE, no início deste ano, havia perto de 5,2 milhões trabalhadores em Portugal. É o valor mais alto de que há registo. Quase metade trabalharam fora de horas, numa tendência que se reconhece crescente. Para Tânia Gaspar, os números reforçam a necessidade de atuar ao nível da prevenção.
Horas para o bolso do patrão já acontece há anos e muito antes do COVID. Quem já trabalhou na restauração e principalmente no fast-food sabe muito bem disso. Horários ACT com saída às 23 e podem ser confirmados com uma encomenda às 22:55 e ainda a recebem em casa após as 23:20 e esse funcionário não receberá além das 23 como extra e aos que supostamente fecham às 00h não recebem horário nocturno após as 00h. Mas lá está podemos ter a nossa tão deliciosa comida às 00:30 confortavelmente no nosso lar. Se têm dúvidas é só confirmar com conhecidos que trabalhem e que não saem a horas, o recibo de vencimento não mente. Aos então desgraçados que agora chamam pomposamente de Gestores/Gerentes de Turno a receberem o ordenado mínimo como base e ainda têm que pagar quando falta dinheiro e já além do horário de trabalho.