Ameaça dirigida a Tóquio a uma semana do prazo em que expira a suspensão das tarifas. E “há muito dinheiro a ser poupado” se se cortar nos ” lançamentos de foguetões, satélites ou produção de carros elétricos”, avisa Trump.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou na segunda-feira impor novas tarifas sobre o Japão, enquanto a Casa Branca sinalizou que pretende concluir acordos comerciais com vários parceiros após o feriado de 4 de julho.
A mais recente investida de Trump contra Tóquio surge a pouco mais de uma semana do prazo de 9 de julho, data em que expira a suspensão de tarifas mais elevadas sobre dezenas de parceiros comerciais, incluindo o Japão. Trump acusou o país de se recusar a aceitar exportações de arroz norte-americano.
“Eles não aceitam o nosso ARROZ, e, no entanto, enfrentam uma escassez enorme de arroz”, escreveu o chefe de Estado na sua rede social, Truth Social. “Por outras palavras, vamos enviar-lhes uma carta. E adoramos tê-los como parceiro comercial ao longo de muitos anos”, acrescentou.
Tóquio sofreu
Hassett sublinhou que, apesar das declarações do Presidente, as conversações com Tóquio vão continuar. “Nada está encerrado. Sei o que ele publicou, mas continuarão as discussões até ao fim”, afirmou.
As bolsas de Tóquio reagiram negativamente, com o índice Topix a cair até 0,7% na abertura dos mercados.
A escassez de arroz, citada por Trump, tem aumentado o descontentamento social no Japão, num contexto de crise do custo de vida. Os preços duplicaram no último ano, o que levou o Governo japonês a libertar reservas de emergência e a contornar os canais convencionais de distribuição.
Embora a medida tenha atenuado a insatisfação popular, causou fricções com o setor agrícola – um tradicional pilar eleitoral do partido no poder. A eventual entrada de arroz norte-americano poderá aliviar o mercado, mas poderá também ser percebida como uma cedência eleitoralmente sensível, a menos de três semanas das eleições para a câmara alta do Parlamento nipónico, marcadas para 20 de julho.
Não é a primeira vez que a Administração Trump acusa o Japão de protecionismo. Em março, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que Tóquio impõe tarifas de até 700% sobre o arroz importado – uma alegação desmentida pelo Governo japonês.
O Japão é um dos mais importantes parceiros comerciais dos Estados Unidos, e por isso consta na lista de países que a Administração Trump considera elegíveis para negociações.
O secretário do Comércio, Howard Lutnick, afirmou na semana passada que o Governo norte-americano deverá concluir acordos com cerca de dez dos principais parceiros comerciais norte-americanos, enquanto os restantes receberão notificações formais com as novas tarifas.
As negociações entre Washington e Tóquio prolongam-se há vários meses, sem resolução de questões-chave sobre tarifas e barreiras comerciais. O Japão tem insistido na retirada das tarifas de 25% impostas ao setor automóvel, argumentando prejudicam gravemente uma indústria crucial. Mas Trump tem rejeitado o pedido, alegando que o Japão importa muito poucos veículos produzidos nos EUA.
O país enfrenta ainda uma tarifa separada de 24% sobre todas as exportações para os Estados Unidos, valor que foi reduzido para 10% durante o período negocial.
Trump tem procurado aumentar a pressão sobre parceiros internacionais antes da data-limite, ameaçando interromper as negociações e impor unilateralmente tarifas alfandegárias.
O Presidente suspendeu essas medidas em abril, concedendo um prazo de 90 dias para concluir acordos. Desde então, apenas foram anunciados dois entendimentos gerais, com o Reino Unido e a China.
O diretor do Conselho Económico Nacional da Casa Branca, Kevin Hassett, afirmou também na segunda-feira que vários acordos poderão ser anunciados após o Dia da Independência.
“Talvez as pessoas tirem uma hora ou duas no dia 4 para ver os fogos-de-artifício e depois voltamos ao trabalho. Vamos começar a anunciar os enquadramentos [dos acordos]”, disse ao canal de televisão Fox Business. Segundo o responsável, a prioridade é a aprovação do pacote fiscal e orçamental da Administração Trump no Congresso.
Trump pede “olhadela” a empresas de Musk
As ameaças estenderam-se ao ex-aliado de Trump, Elon Musk.
Esta terça-feira, Trump sugeriu ao Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), antes alegadamente liderado pelo magnata, que avaliasse os subsídios que estão a ser concedidos às empresas do homem mais rico do mundo — horas depois de este ter criticado o plano fiscal do presidente norte-americano.
“Os carros elétricos são bons, mas nem todos devem ser obrigados a ter um”, atirou Trump nas redes sociais. “Elon pode ter recebido mais subsídios do que qualquer ser humano na história, de longe, e, sem subsídios, Elon provavelmente teria que fechar a loja e voltar para casa na África do Sul. Sem mais lançamentos de foguetões, satélites ou produção de carros elétricos, o nosso país pouparia uma fortuna. Talvez devêssemos pedir ao DOGE para dar uma boa e dura olhadela nisto? Há muito dinheiro a ser poupado!”, escreveu o presidente.
Na segunda-feira, Musk alertou os congressistas republicanos para uma possível derrota nas primárias no próximo ano caso apoiem o plano fiscal e orçamental de Trump, que o presidente norte-americano pretende promulgar esta semana.
“Para todos os membros do Congresso que fizeram campanha pela redução das despesas do governo e votaram imediatamente pelo maior aumento da dívida da história, tenham vergonha. E perderão as vossas primárias no próximo ano, mesmo que seja a última coisa que façam na Terra”, escreveu o CEO da SpaceX e Tesla, na sua rede social X.
ZAP // Lusa
Guerra das Tarifas
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Agora o musk deixou de lamber as bolas do laranjão e vai ter que lhe engraxar as botas com a língua para deixar de ser parvo.
“Sem mais lançamentos de foguetões, satélites … o nosso país pouparia uma fortuna”
Isto é uma estupidez. A SpaceX não vive de subsídios. Pagamento por serviços prestados não é um subsídio. Se cortarem os pagamentos à SpaceX, a NASA perde o acesso ao espaço.