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Metacolegas e foco no longo prazo. Mark Zuckerberg apresenta os novos valores da sua gigante tecnológica

Anthony Quintano / Wikimedia; Mark Knol / Flickr

Funcionários e investidores têm-se mostrado reticentes em relação ao caminho da empresa, do qual Zuckerberg parece certo. 

Numa tentativa de virar a página dos sucessivos escândalos que a empresa tem enfrentado ao longo dos últimos anos, a Meta, empresa que alberga redes sociais como o Facebook, o Instagram ou Whatsapp, anunciou ontem os novos valores internos que devem orientar a postura dos funcionários durante o seu período de trabalho. São eles “agir depressa”, “criar coisas fantásticas” e “viver no futuro”.

As expressões foram anunciadas pelo CEO e fundador do grupo, Mark Zuckerberg, numa reunião em que ficou clara a intenção da empresa de se focar na realidade virtual e no seu projeto de metaverso.

Esta visão foi corroborada por uma publicação feita na página pessoal de Zuckerberg no Facebook, onde o próprio descreve a Meta como uma “empresa de metaverso, investida em construir o futuro da conexão social” em vez de uma empresa de redes sociais. De acordo com o The Guardian, os funcionários passam, desde ontem, a ser tratados como “metamates” [colegas meta, em português], numa referência a uma frase motivacional usada na marinha norte-americana e que pretende destacar o espírito de união.

Aquando da mudança do nome da empresa, no final do ano passado, o seu CEO já adiantara o seu desejo de reajustar as políticas da empresa e os seus valores, que não haviam sofrido alterações desde 2007. Na publicação, Mark Zuckerberg também apela aos seus funcionários que se focassem no impacto a longo prazo do seu trabalho.

“O foco no impacto a longo prazo enfatiza o pensamento também a longo prazo e encoraja-nos a expandir os prazos do impacto que podemos ter, em vez de otimizar as vitórias num futuro mais próximo”, pode ler-se na publicação. “Devemos assumir os desafios que serão mais impactantes, mesmo que os resultados não apareçam nos próximos anos”.

A reunião da empresa parece também dar resposta a algumas das preocupações dos funcionários, centradas na rápida mudança de prioridades da empresa, desde as redes sociais, nas quais passaram décadas a investir e a construir. Ainda segundo o The Guardian, engenheiros do Instagram e do Facebook têm sido incentivados a candidatar-se a vagas nos departamentos responsáveis pelo desenvolvimento do metaverso ou da realidade virtual, dentro da Meta.

Para além dos colaboradores, também os investidores parecem reticentes em relação à mudança. As ações da Meta sofreram uma queda abrupta no seguimento da divulgação do último relatório de ganhos, o que levou a empresa a perder mais de 230 mil milhões de dólares em valor de mercado.

No entanto, Mark Zuckerberg parece confiante na sua aposta, tendo investido 10 mil milhões de euros no projeto. Em chamadas recentes, o empresário deu a sua palavra aos investidores. “Estou satisfeito com o impulso e os progressos que fizemos até agora e estou confiante de que estes são os investimentos certos para nos concentrarmos em seguir em frente.”

As mudanças anunciadas na segunda-feira não dizem apenas respeito ao funcionamento interno da empresa, mas também ao seu branding e aos negócios. Por exemplo, foi oficializada a aquisição do Kustomer, uma plataforma de gestão de serviço ao cliente. Esta semana, a Meta anunciou também um acordo judicial, relativo a um processo que já durava há mais de uma década, relativo ao uso de cookies nas suas plataformas, mesmo quando estas não estão a ser utilizadas.

No âmbito do acordo, a Meta comprometeu-se a apagar todos os dados que foram recolhidos de forma errónea durante 2010 e 2011 e a pagar 90 milhões de euros aos utilizadores que apresentaram a queija, mas só depois de as despesas relacionadas com o processo serem deduzidas. “Chegar a um acordo neste caso, que tem mais de uma década, é do melhor interesse da nossa comunidade e dos nossos acionistas e temos o prazer de ultrapassar esta questão”, adiantou um representante da empresa.

ZAP //

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