Merz “ferido” quer mostrar força e avisa Trump: “somos maiores”

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LUDOVIC MARIN ; POOL/EPA

O recém-eleito chanceler alemão Friedrich Merz no Palácio do Eliseu, em Paris.

Após o “fracasso” de ontem, chanceler alemão avisa: “Fiquem de fora da política alemã, somos maiores que os EUA”. Merz reuniu com Macron para se preparar para Trump, não vá fazer este com ele o que fez com Zelenskyy.

Depois de uma surpresa inédita no país, à segunda tentativa, Friedrich Merz tornou-se oficialmente na tarde desta terça-feira o novo chanceler da Alemanha. Mas a sua liderança está longe de consolidada na Europa.

Ferido pelo inusitado chumbo, por seis votos, de manhã, para chanceler, apesar de ter vencido as eleições, o conservador de 69 anos quer começar o mandato a pé firme, e já está a rosnar aos maiores lobos. Merz dirigiu-se no mesmo dia da eleição a Donald Trump e aos seus funcionários com um aviso firme: fiquem de fora da política alemã.

“Não interferi na campanha eleitoral americana nem tomei partido por um ou outro”, disse Merz à ZDF, meses depois de o funcionário especial de Trump, o homem mais rico do mundo, Elon Musk, ter declarado apoio público ao partido de extrema-direita alemão Alternativa para a Alemanha (AfD), recentemente designado como “organização extremista comprovada” pela agência federal de inteligência interna do país.

“Gostaria de encorajar e exortar o governo americano a deixar a política interna alemã para a Alemanha e a manter-se, em grande parte, fora dessas considerações partidárias”, concluiu.

Merz criticou ainda as declarações do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, que descreveu a decisão da agência como “tirania disfarçada”, algo que o novo chanceler considera “absurdo” e que poderá ser abordado já numa próxima conversa com Trump, segundo o Politico.

E lembra que a União Europeia ainda ‘sabe nadar’: “juntos somos maiores do que os EUA”.

“O número de consumidores aqui é maior do que na América e no Canadá juntos. Portanto, temos algo a oferecer. Podemos fazer algo. Estamos unidos, em grande medida, pelo menos, e essa será a minha mensagem ao governo americano”, sublinhou o conservador alemão.

O pior que pode acontecer

De visita a Paris esta quarta-feira, no meio da turbulência, o objetivo é claro: ressuscitar o Triângulo de Weimar, a aliança estratégica entre Alemanha, França e Polónia, para reforçar a coordenação de defesa europeia, antes da próxima cimeira da NATO em Haia, onde se deverá encontrar pessoalmente com Trump. Nesta altura, o encontro assusta os especialistas.

“Provavelmente estão a pensar em cenários”, antecipa Dominik Tolksdorf, especialista transatlântico do Conselho Alemão de Relações Exteriores. “O pior que poderia acontecer é que a cimeira da NATO evoluísse para um confronto semelhante ao encontro de Trump com Zelenskyy na Casa Branca. É claro que os europeus querem evitar isso a todo o custo”, aponta.

Resta agora saber se Merz tem capacidade de ser um líder para a Europa, numa altura em que a própria Alemanha está indecisa em relação às suas virtudes.

O “fracasso” inédito de ontem, embora revertido pela tarde, “foi como um raio”, comparou a eurodeputada francesa e aliada próxima de Macron Valérie Hayer;  “A Alemanha já foi considerada um pilar de estabilidade, mas isso já não é verdade”, atirou o eurodeputado italiano Nicola Procaccini à ANSA.

Agora, os especialistas avisam que a Alemanha tem de compensar a Europa para a agradar, com contribuições militares tangíveis que conquistem a confiança dos aliados.

Tomás Guimarães, ZAP //

1 Comment

  1. O Merz esteve mais de 20 anos à espera que a Merkel fosse para casa para mostrar quem tinha razão.
    A Merkel estava errada, aproximou-se da Rússia, desleixou as infrastruturas, arruinou o estado Alemão aos poucos e poucos, molengou na modernização (ainda tudo tem de ser assinado em papel, digitalização na Alemanha significa fazer um site onde se preenche um formulário para imprimir e depois enviar por correio).
    O Merz já fez fortuna a trabalhar no sector privado e agora voltou para a política para ajudar a Alemanha e a União Europeia a se afirmar no mundo como tem de ser. E ele tem razão, a União Europeia é o maior mercado comum do mundo.
    É só travar as paranóias ecologistas dos Verdes e ligar as centrais nucleares outra vez que a indústria alemã volta ao que era, assim como assim todos os vizinhos plantam centrais nucleares junto à fronteira alemã.

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