Apelo da Anacom, que lembra que os preços das comunicações em Portugal estão 21,1% acima da média da União Europeia.
A Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) pediu aos operadores “contenção” na subida de preços dos seus serviços, tendo em conta o atual contexto económico e previsão para 2024, que apontam para um aumento do custo de vida. Não é a primeira vez que a Anacom faz este apelo.
Em comunicado, a entidade reguladora liderada por João Cadete de Matos, refere que “em face do atual contexto económico e do projetado para 2024, que remetem para uma situação de pressão inflacionista e aumento do custo de vida, estando prevista para 2023 uma variação anual de 4,6% para o Índice de Preços no Consumidor [IPC], a Anacom considera que existem razões económicas e sociais de relevo que devem ser devidamente ponderadas pelas empresas do setor“.
Nesse sentido, “recomenda” aos operadores “que adotem a devida contenção em eventuais aumentos de preços que venham a ocorrer, quer em tarifários disponíveis para novas adesões, quer nos contratos em vigor, de modo a assegurar o efetivo acesso ao serviço por parte dos utilizadores finais a estes serviços”.
Além da contenção ao nível dos aumentos de preços, “e à semelhança do que fez em 2022, a Anacom faz ainda um conjunto de outras recomendações às empresas do setor”, entre elas o de “evitar que a possibilidade de aumento de preços seja utilizada como instrumento para persuadir os consumidores a aceitar novas fidelizações, prejudicando a dinâmica concorrencial no mercado e, por essa via, os consumidores”.
Recomenda também “não exigir o pagamento dos encargos previstos em caso de denúncia antecipada do contrato durante o período de fidelização por consumidores que adiram a uma oferta de tarifa social de acesso à Internet em banda larga; promover a celebração de acordos com vista ao pagamento fracionado de faturas em situações de dificuldade ou efetiva mora do consumidor, com vista a evitar a suspensão e posterior resolução do contrato, nos termos do regime legal vigente”.
A Anacom recomenda ainda que “as prestações acordadas sejam de valor comportável pelo consumidor, atendendo à sua situação particular, bem como que sejam ponderadas, quando adequado, moratórias que permitam ao consumidor recuperar solvabilidade e capacidade de cumprimento das respetivas obrigações contratuais” e “prever a redução contratual sem penalização, particularmente para utilizadores finais que revelem estar em situação económica vulnerável, mesmo que não enquadrada nas situações legalmente previstas como fundamento para a suspensão temporária do contrato ou a sua resolução”.
O regulador aconselha também a disponibilização de “um serviço de aconselhamento tarifário, através de canais de atendimento diversificados, que permita aos utilizadores finais obter informação sobre eventuais preços alternativos inferiores ou ofertas mais vantajosas e frugais, encaminhando os utilizadores finais para canais de atendimento especialmente disponibilizados para este efeito, e divulgando adequadamente os respetivos contactos em local visível nas páginas das empresas na Internet, bem como nas faturas mensais dos serviços e outros meios habitualmente utilizados na sua comunicação com os utilizadores finais”.
A promoção de disponibilização de “ofertas com configurações mais simples, centradas nos atributos essenciais“, o fomento da atratividade de ofertas de serviços isolados (1P) e melhorar a sua divulgação e visibilidade, tanto nos canais de comunicação digitais como nas lojas físicas onde se disponibilizem produtos da responsabilidade da empresa são outras das recomendações.
“Estas recomendações são feitas num contexto em que mais de 40% da população residente em Portugal estava em risco de pobreza (dados de 2021) e o nível de preços dos serviços de comunicações eletrónicas em Portugal continua significativamente elevado: em 2022, os preços em Portugal estavam 21,1% acima da média da União Europeia“, adianta a Anacom.
// Lusa