O congressista Republicano admite que mentiu sobre partes do seu currículo e pediu desculpa aos eleitores numa entrevista com Piers Morgan.
Têm sido dois meses muito atribulados para George Santos. Desde que tomou posse como congressista no início de Janeiro que o Republicano têm enfrentado sucessivos apelos a que se demita devido à revelação da teia de mentiras que inventou sobre o seu passado.
Desde a alegação de que era judeu e de que os seus avós foram perseguidos no Holocausto, passando pela presença da sua mãe no ataque às Torres Gémeas e pelas mentiras no seu currículo escolar e profissional, muitas alegações feitas pelo político de raízes brasileiras têm sido postas em causa.
George Santos está ainda em maus lençóis com a justiça, tendo sido acusado de roubar um livro de cheques em 2008, quando vivia no Brasil. O congressista está ainda a ser investigado pela Comissão Federal de Eleições e por procuradores federais devido a suspeitas de que violou a lei e desviou fundos da campanha para as suas despesas pessoais.
Há ainda um ex-assessor do congressista que o está a acusar de assédio sexual. Durante a sua passagem breve pela equipa de Santos, Derek Myers alega que Santos o tocou sem consentimento e que lhe perguntou se tinha um perfil na aplicação de namoro gay Grindr.
“Ele chamou-me ‘amigo’ e insistiu que me sentasse ao lado dele no sofá. Eu continuei a discussão sobre o correio, mas o congressista parou-me ao colocar a sua mão na minha perna esquerda e ao tocar nas minhas virilhas“, acusa Myers, que refere ainda que Santos o convidou a passar a noite consigo.
O congressista deu agora uma entrevista ao jornalista britânico Piers Morgan onde admite que embelezou o seu passado, mas que as suas mentiras não tinham como objectivo “enganar as pessoas“.
Em vez disso, Santos queria ser aceite “pelo partido aqui, localmente” e confessa que um dos seus “maiores arrependimentos” foi mentir sobre ter um curso superior. “A expectativa da sociedade, a pressão, não conseguia pagá-lo“, explica.
“Quando decidi concorrer ao Congresso, apesar de ter construído uma carreira nos negócios muito credível, não tinha essa parte na minha biografia. Mas segui com aquilo, e quando se inventa uma mentira, está-se mesmo a pensar de todo?”, frisa.
Pressionado por Morgan, Santos admite mesmo que tem sido “um mentiroso terrível” e conta que já tinha mentido na sua primeira campanha ao Congresso, em 2020, tendo na altura saído impune.
“I’ve been a terrible liar…”
Piers Morgan grills republican George Santos, the man who’s been branded the biggest fibber in politics.
Watch it on TalkTV at 8pm.@piersmorgan | @Santos4Congress | @TalkTV | #PMU pic.twitter.com/bNaIDJLlzG
— Piers Morgan Uncensored (@PiersUncensored) February 20, 2023
O Republicano voltou a defender que nunca disse ser judeu, mas sim que a sua descrição enquanto “Jew-ish” não passou de uma “piada”.
Já sobre a alegação de que a sua mãe esteve presente no 11 de Setembro, George Santos foi peremptório: “Isso é verdade“. “Não vou debater a vida da minha mãe porque ela morreu e é bastante insensível tentar refazer o seu legado. Ela não me mentiria. Estou convencido de que é verdade”, realça.
Sobre o escrutínio e críticas que tem recebido, Santos admite que é “desconfortável”. “Não o suporto e há muita gente que acha que eu o adoro. Tenho de aprender a lidar com isto e é isso que estou a fazer. Já olhei para uma câmara e pedi desculpa. Se se pode pedir perdão, acho que esse é o primeiro passo“, remata.