A descoberta é particularmente rara devido à escassa população neandertal que viveu no Sussex. A situação levou a que a criança desenvolvesse um interesse por arqueologia.
Um dia de rotina na praia em Sussex, Inglaterra, transformou-se numa descoberta arqueológica quando Ben, então com 6 anos, tropeçou numa pedra peculiar.
Três anos mais tarde, o objeto foi identificado como um machado de mão neandertal com 50 mil anos – um achado raro e significativo.
O artefacto, um machado de mão Mousteriano do período Paleolítico Superior, foi confirmado por James Sainsbury, curador de arqueologia e história social do Worthing Theatres and Museum. Contactado inicialmente por correio eletrónico pela mãe de Ben, Sainsbury mostrou-se cético, uma vez que os achados de praia se revelam muitas vezes pedras banais. No entanto, a fotografia do objeto chamou imediatamente a sua atenção.
“Estes machados de mão são incrivelmente distintos e raros, especialmente em Sussex”, explicou Sainsbury. Os neandertais utilizavam estes instrumentos para tarefas como partir ossos para aceder à medula óssea. O estilo específico do artefacto associa-o ao período Neandertal tardio, possivelmente criado por uma das últimas gerações de Neandertais na Europa e na Grã-Bretanha.
A 24 de novembro, Ben e a família levaram o artefacto ao Museu de Worthing, onde Sainsbury verificou a sua autenticidade. O estado imaculado do machado sugere que esteve enterrado debaixo de água durante milénios, tendo provavelmente sido desenterrado recentemente durante projetos de defesa costeira. Sainsbury acredita que o artefacto pode ter sido dragado de Doggerland, uma região pré-histórica submersa sob o Mar do Norte, ou de um antigo leito de rio no Canal da Mancha.
Os machados de mão mousterianos são extremamente raros em Sussex devido à escassa população neandertal que outrora habitou a área, explica o Live Science. O Museu de Worthing tinha anteriormente apenas um artefacto deste tipo na sua coleção.
Ben, atualmente com 9 anos, desenvolveu um forte interesse pela arqueologia, impressionando Sainsbury com os seus conhecimentos sobre períodos históricos. O jovem entusiasta emprestou o machado de mão ao Museu de Worthing, onde foi exposto poucas horas depois da sua chegada. A exposição, que decorre até fevereiro, já atraiu um número crescente de visitantes, intrigados com a extraordinária história por detrás da descoberta.
“Esta descoberta sublinha os notáveis conhecimentos que ainda estão à espera de serem descobertos sobre o nosso passado antigo”, comentou Sainsbury. Entretanto, prosseguem as investigações sobre as origens exactas do artefacto e a atividade geológica que o trouxe para terra.