Memória social em utentes com esclerose múltipla: o teste inovador é português

Cortesia / Hospital de Braga

Os primeiros resultados demonstram que o volume da lesão que os utentes apresentam no cérebro está associado a uma pior performance cognitiva social.

O Hospital de Braga está a desenvolver um projeto inovador. Começou no ano passado e testa a memória social nas pessoas com esclerose múltipla.

A ideia é descobrir se os utentes com esclerose múltipla apresentam défices de memória social, e revelar os substratos neurais subjacentes a uma possível disfunção.

As descobertas podem abrir caminho para novas abordagens terapêuticas dirigidas a essa disfunção cognitiva.

“Temos utilizado uma tarefa inovadora para avaliar a função de memória social na esclerose múltipla, numa combinação de técnicas de neuroimagem estrutural e funcional que temos já estabelecido no Hospital de Braga e na Universidade do Minho”, apresentou Torcato Meira, responsável pelo projeto.

O teste é realizado através de um jogo – enquanto as pessoas (algumas com esclerose múltipla, outras não) realizam uma ressonância magnética.

Quando os utentes estão dentro da máquina de ressonância magnética, iniciam um jogo virtual, interagindo com diferentes personagens virtuais.

A forma como interagem com as personagens permite “inferir acerca da memória que os participantes estão a processar, retirando-se medidas que podemos relacionar com dados de neuroimagem”, explica Torcato Meira, em comunicado enviado ao ZAP.

Os dados de ressonância magnética recolhidos passam por medidas de atividade de diferentes áreas do cérebro e respetivo volume, assim como métricas relacionadas com as lesões no cérebro do utente com esclerose múltipla.

E os primeiros resultados já são úteis: estabeleceram uma ligação entre o volume total da lesão que estes doentes apresentam no cérebro e uma pior performance cognitiva social.

Os participantes saudáveis “ativam áreas expectáveis do cérebro para a realização da tarefa em questão, ao contrário dos utentes com esclerose múltipla, que não recrutam essas regiões”.

Ou seja, este projeto já sugere que os doentes com esclerose múltipla, além das lesões estruturais, apresentam alterações funcionais que poderão estar na origem destes défices – que nunca foram indicados em estudos científicos.

A Esclerose Múltipla é uma doença crónica do sistema nervoso central, que costuma originar incapacidade de trabalho, sobrecarga socioeconómica e reduzida qualidade de vida dos utentes e cuidadores. Afecta cerca de 6.500 portugueses.

O Dia Nacional da Pessoa com Esclerose Múltipla assinalou-se nesta segunda-feira, 4 de Dezembro.

ZAP //

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