Os membros eleitos do Conselho de Redação da RTP apresentaram hoje a demissão do órgão a que pertencem e comprometem-se a realizar eleições num prazo de 30 dias, escrevem numa nota interna a que a Lusa teve acesso.
A nota é subscrita pelos nove membros eleitos do Conselho de Redação (CR) da RTP, e não apenas pelos três membros eleitos pela redação do Porto, como a Lusa noticiou anteriormente.
“Dada a situação de impasse a que o atual Conselho de Redação chegou, e porque não temos dúvidas da necessidade cada vez mais premente de um Conselho de Redação forte e em pleno exercício de funções, entendemos que não nos resta outra alternativa que não a de apresentar da nossa demissão”, refere a mensagem, enviada por email para jornalistas da estação pública, com conhecimento ao diretor de informação, Paulo Ferreira.
Para os subscritores da mensagem, a sua demissão permite “a eleição de novo órgão, com capacidade de efetivamente representar e defender os interesses, quer da redação, quer da RTP”.
Nesse sentido, os membros eleitos informam que se constituem “desde já como Comissão Eleitoral”, comprometendo-se a organizar, no prazo máximo de 30 dias, o lançamento de nova consulta eleitoral.
“Até à eleição do novo Conselho de Redação, os atuais membros eleitos asseguram, nos termos dos estatutos, o funcionamento do órgão”, acrescentam ainda.
O documento é assinado por Ana Luísa Rodrigues, Ana Sofia Rodrigues, José Carrilho, Luís Baila, Marta Jorge, Paulo Maio Gomes, Paulo Martins, Rita Ramos e Rui Sá, membros eleitos do Conselho de Redação (CR) da RTP.
No início do mês, os sindicatos afetos à RTP, com exceção do Sindicato de Jornalistas, enviaram ao regulador dos media, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), uma queixa contra o Diretor de Informação da estação.
Além da queixa, foi também enviada à ERC uma exposição feita por um dos membros do Conselho de Redação da RTP.
Em causa estariam declarações de Paulo Ferreira, citadas no jornal Dinheiro Vivo, segundo o qual este lamentava que as pessoas que rescindiram voluntariamente com a RTP tivessem sido, frequentemente, “as mais talentosas”, enquanto as que ficam “acabam por ser, muitas vezes, as menos capazes”.
Num esclarecimento enviado depois à redação, a que a Lusa teve acesso, Paulo Ferreira afirmou não se rever nas declarações que lhe eram atribuídas, “nem em algumas interpretações que as mesmas poderiam originar por estarem fora do contexto”.
“É totalmente abusivo e destituído de qualquer senso pretender que, em momento algum, coloquei em causa a competência e qualificação dos trabalhadores da RTP, que sublinho interna e externamente com frequência, em referências individuais e coletivas”, afirma no esclarecimento.
No início do mês de novembro, o Conselho de Redação da RTP já tinha esclarecido que a exposição feita por um dos seus elementos à ERC, sobre o diretor de Informação da televisão pública, Paulo Ferreira, era “uma posição pessoal”, criticando o envio dessa exposição à redação, através do endereço eletrónico institucional do CR.
Em comunicado enviado à redação da RTP, o CR esclarecia que a exposição não vinculava o órgão.
Já em outubro, a redação da RTP/TV retirou a confiança na Direção de Informação, acusando-a de elaborar “listas de mobilidade” que temia serem usadas para fazer despedimentos, o que foi negado pela Direção de Informação.
/Lusa