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Membro da La Manada escreve carta: “Não sou violador nem abusador”

Kai Foersterling / EPA

Milhares de pessoas protestaram em várias cidades espanholas contra a sentença do caso “La Manada”

Cinco homens foram condenados a nove anos de prisão por abuso sexual de uma jovem de 18 anos, em 2016, nas festas de São Firmino em Pamplona, quando a procuradoria espanhola pedia uma pena de 22 anos mas por agressão sexual.

Antonio Miguel Guerrero, de 28 anos, é um dos condenados do grupo apelidado La Manada. Ele e os seus quatro amigos pelo abuso sexual de uma jovem de 18 anos durante as festas espanholas de São Firmino em 2016.

Este tornou-se um caso mediático quando os cinco arguidos foram condenados a nove anos de prisão por abuso sexual e ficaram obrigados ao pagamento de uma indemnização de 50 mil euros à vítima – 10 mil cada um, depois de a procuradoria os ter acusado de agressão sexual.

No entanto, os juízes do tribunal de Navarra pensam que não se tratou de agressão sexual, mas sim de abuso sexual, porque a vítima não ofereceu resistência.

Agora, depois de protestos em todo o território espanhol em defesa da vítima, que justificou a atitude “passiva ou neutra”, por estar em estado de choque, um dos condenados quebrou o silêncio.

Antonio Miguel Guerrero escreveu uma carta ao jornal “La Tribuna de Cartagena”, que divulgou dados e imagens da vítima e publicou um polémico artigo com o nome “Eu não acredito em ti”, e que foi divulgada pela espanhola telecinco, na qual se refere à jovem como “vítima”, sempre com aspas, que utiliza igualmente na palavra “violadores”.

Não sou nenhum violador nem abusador, não odeio as mulheres e não cuspo fogo pela boca. Amanhã pode acontecer ao teu irmão, ao teu pai, ao teu filho ou até a ti e aí vais arrepender-te de ter apoiado #yositecreo”, afirmou o condenado, referindo-se ao movimento de apoio à rapariga criado nas redes sociais.

O ex-polícia espanhol adianta que a leitura da sentença do caso foi transmitida como se se tratasse do “discurso de Natal do Rei” e que, quando os cinco arguidos foram absolvidos do crime de agressão sexual, a população de Espanha fez várias perguntas: “Será que nenhum dos juízes vê televisão?, Nenhum tem redes sociais?, Nenhum leu os artigos do jornal El Español?”, a publicação espanhola que tem sido uma das principais vozes contra os arguidos.

“A todas estas pessoas posso garantir que, pelo menos a um dos três magistrados, importa-lhe bastante pouco o que se diz na televisão e nas redes sociais. São juízes e a sua missão é transmitir justiça, não caçar bruxas”, diz Antonio Miguel Guerrero, acrescentando que as mesmas pessoas que pedem penas mais pesadas para a La Manada são as que defendem “uma segunda oportunidade para Ana Julia Quezada e ‘El Chicle'”.

No último parágrafo, o ex-agente da Guardia Civil revela que tem a certeza de que vão escrever “artigos e comentários” sobre a carta para “conseguir aplausos fáceis”. Ainda assim, Antonio Miguel Guerrero garante: “Ainda confio na justiça e na sua independência”.

ZAP //

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